São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Fotos de B.J. Duarte viram livro e mostra

Imagens do fotógrafo exibem a transformação urbana de São Paulo

Convidado por Mário de Andrade, B.J. Duarte fotografou as atividades e obras públicas que visavam modernizar a capital

B.J. Duarte/Divulgação
Crianças brincam no parque D. Pedro, no Brás, em 1937; a fotografia foi realizada por B.J. Duarte, cuja obra ganha livro com 214 imagens e exposição com 65 fotos, que abre hoje na Galeria Olido

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A nostalgia causada pela passagem do tempo e a conseqüente transformação da paisagem urbana paulistana são a tônica do livro "B.J. Duarte: Caçador de Imagens" (Cosac Naify, 208 páginas, R$ 42), lançado hoje na Galeria Olido, em São Paulo, com mostra de parte das imagens que integram a obra.
Benedito Junqueira Duarte (1910-95) começou seus estudos em fotografia aos dez anos de idade, quando foi morar com um tio em Paris. Ao retornar, no final da década de 20, atuou na imprensa local como repórter-fotográfico. Em 1935, foi convidado pelo escritor modernista Mário de Andrade, então chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, a gerenciar a recém criada seção de iconografia.
Além de organizar o acervo que havia sido adquirido do fotógrafo Aurélio Becherini (1876-1939), B.J. Duarte tinha a função de fotografar as atividades do departamento e as obras públicas que visavam modernizar a capital.
O livro é subdividido em três partes: as atividades culturais e esportivas nos parques da cidade durante a gestão de Mário de Andrade, as obras realizadas durante o governo Prestes Maia (1938-45) e alguns retratos de artistas como Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e o próprio Mário de Andrade.
As 214 imagens que compõem o livro -para a exposição, foram selecionadas 65- são uma pequena parte das 2.691 imagens que o fotógrafo deixou identificadas no arquivo da prefeitura. Cerca de metade desses originais foi perdida pela degradação do material. Seguindo a tradição da foto documental e inspirado por fotógrafos como Militão Augusto de Azevedo, Guilherme Gaensly e Aurélio Becherini, que fotografaram em diferentes épocas a vertiginosa transformação urbana, Duarte se empenhou em fotografar a cidade como uma testemunha ocular da sua mutação, prevendo a carga de nostalgia que as mesmas teriam décadas depois.
Sem maneirismos pictóricos e sem enveredar pela fotografia experimental em voga na época, o fotógrafo produziu imagens como as que mostram a construção do estádio do Pacaembu e dos túneis da av. 9 de Julho, ambas em 1939. Uma das imagens de maior impacto é a que mostra a av. Rebouças, também em 1939, sem movimentos de carros, com pequenos sobrados de um lado e um terreno descampado do outro.
Em entrevista concedida em 1986, que consta no final do livro, Duarte comenta a transformação da cidade: "Dadas as gigantescas proporções da mutação verificada em sua fisionomia urbana, principalmente as ocorridas nos últimos 50 anos, São Paulo de ontem, para gerações de hoje, tornou-se uma cidade fantasma e perdida em bruma, apenas reconhecível nas dimensões dessas fotos envelhecidas, mudas e inertes".

B.J. DUARTE: CAÇADOR DE IMAGENS
Quando:
abertura hoje, das 18h30 às 22h; ter. a sáb., das 12h às 21h30, e dom., das 12h às 19h30; até 25/11
Onde: Galeria Olido, sobreloja, av. São João, 473, tel. 0/xx/11/3334-0001 ramais 2121/1941
Quanto: entrada franca


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