Fotógrafo retrata a cidade em "Tensão sobre a Calma"

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vasculhar a cidade de São Paulo com uma câmera fotográfica na mão na tentativa de decifrar seus enigmas, de auferir-lhe uma identidade que restitua nossa fragmentação na urbe. Esse é um dos motes da mostra "Tensão sobre a Calma", do fotógrafo Arnaldo Pappalardo, em exibição desde o último sábado na Pinacoteca do Estado.
Curioso perceber que cada fotógrafo que se envereda por esse caminho traz à tona uma cidade absolutamente distinta.
Essa constatação pode ser observada nos últimos tempos nas mostras "Todos os Olhares", de Cristiano Mascaro, "Fotografia de Rua", de Tuca Vieira e "Noturnos", de Cássio Vasconcellos.
Na incursão de Pappalardo, 32 anos de carreira, a cidade de São Paulo é esquadrinhada a partir de três séries: "Noite", "Chão" e "Gente". Ao todo são 30 imagens, em cores e preto-e- branco.
Sob a curadoria de Rubens Fernandes Júnior, as séries ocupam o espaço em forma de instalação. A exposição fica em cartaz até outubro.

Séries
Em "Noite", a cidade surge em preto-e-branco salientando volumes arquitetônicos em contraponto ao silêncio protagonizado pela madrugada. Ampliadas em placas de acrílico de grande formato, revelam a potência sedutora da cidade.
A série "Chão" mostra detalhes do asfalto das ruas da cidade ampliadas em tecido com 4,5 metros de largura, suspensas no teto da sala expositiva.
É a parcela invisível da cidade revelada no despudor da grande escala que lhe confere novas conotações.
Em "Gente", Pappalardo sai das ruas para adentrar os interiores da região do parque D. Pedro, onde retrata pessoas em seus ofícios.
As imagens se entrecruzam em texturas e jogos de cores que, com o desenvolvimento que o artista pensa em dar à série, pode vir a se tornar um núcleo mais instigante no futuro.
As diversas cidades de São Paulo, flagradas pelos fotógrafos que sobre ela se aventuram provam, ao fim de tudo, que a cidade não existe senão como expressão simbólica impalpável. Cada paulistano encerra em si uma cidade de São Paulo única e intransferível.