São Paulo, quinta-feira, 27 de agosto de 2009

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Tata Amaral mistura real e ficção sobre a tortura

Diretora insere depoimentos em história de militante preso durante a ditadura

"Trago Comigo" estreia na terça na TV Cultura e traz o ator Carlos Alberto Riccelli como um diretor de teatro que apagou seu passado

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Tata Amaral reencontra fantasmas do passado. Depois do documentário "O Rei do Carimã", em que investigou um segredo de seu pai, agora ela aborda um período crítico da história do Brasil: a ditadura.
"Eu estou mergulhada nesse assunto da volta ao passado", afirma a cineasta, que despontou no cenário audiovisual com "Um Céu de Estrelas", em 1996. A minissérie "Trago Comigo", em quatro episódios, estreia na próxima terça, na TV Cultura, ao custo de R$ 540 mil.
Telmo Marinicov (boa atuação de Carlos Alberto Riccelli) é um diretor de teatro que apagou a memória para sobreviver.
Resolve montar um espetáculo sobre sua própria história e vê as lembranças surgirem aos poucos, truncadas pelas sessões de tortura sofridas.
Matias Mariani fez um primeiro esboço do roteiro. Tata filmou alguns depoimentos de pessoas reais envolvidas na militância antiditadura como referência. "Comecei a achar que valeria a pena ter esse diálogo entre ficção e real, então incluí isso na minissérie", conta.
Entre as participações, estão o deputado José Genoino, o jornalista Ivan Seixas e a guerrilheira do Araguaia Criméia Alice Schmidt de Almeida, que estava grávida de sete meses quando foi presa e espancada.
Os nomes dos comandantes das torturas, presentes nos relatos dos militantes, vão ser apagados da minissérie. "Apesar de conhecidos, eles não foram condenados nenhuma vez.
É impressionante saber que apenas um processo em prol das famílias dos torturados venceu -e ainda em primeira instância. Não posso expor esses nomes e enfrentar um processo por difamação", explica.
O tema dos desaparecidos no regime militar também vai estar presente em seu próximo longa. "Hoje" vai falar de uma mulher que ganha uma indenização pelo sumiço do marido e, no dia em que ela se muda para a nova casa, ele reaparece.
"Precisamos mostrar essas histórias. A sociedade parece já ter esquecido o passado por medo de entrar em conflito."


TRAGO COMIGO

Quando: de ter. a sex., às 23h10, na TV Cultura; reapresentações aos dom., às 22h, a partir do dia 6
Classificação: não indicado a menores de 16 anos




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