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CRÍTICA ARTES VISUAIS
Inhotim apresenta curadoria eficaz
Com espaços para Miguel Rio Branco e Cosmococas, centro mostra arte brasileira de forma correta
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BRUMADINHO
Na última quinta, mais
duas galerias abriram em
Inhotim - Centro de Arte Contemporânea, do colecionador mineiro Bernardo Paz,
ambas fora do núcleo inicial.
Os novos pavilhões foram
projetados por Alexandre
Brasil Garcia e Carlos Alberto
Maciel, do escritório Arquitetos Associados, e configuram-se como inserções monumentais em meio à paisagem, mas distintos.
A galeria do artista Miguel
Rio Branco é caracterizada
pelo contraste: uma imensa
caixa de aço em meio à floresta. O edifício, com dois pavimentos, reúne 12 obras do
fotógrafo, de um extenso período: 1976 a 2004.
Polípticos (fotos apresentadas em conjuntos), instalações e filmes dão conta da
complexidade de Rio Branco
na criação de imagens.
Algumas obras são documentais, caso da radical "Nada Levarei Quando Morrer,
Aqueles que Me Devem Cobrarei no Inferno" (1985),
que também está em exibição na 29ª Bienal de São Paulo, enquanto outras são exercícios mais livres e poéticos,
como "Entre os Olhos o Deserto" (1997), que mescla os
gêneros retrato e paisagem.
Ao apresentar de forma extensiva a obra de Rio Branco,
Inhotim, assim como fez com
Cildo Meireles, cumpre um
papel que instituições de arte
brasileiras não conseguem
dar conta: apresentar a produção nacional contemporânea de forma adequada.
Essa missão também é vista na outra galeria nova, com
as cinco Cosmococas de Hélio Oiticica e Neville d'Almeida, de 1973.
A construção elegante é
coberta com uma pedra mineira escura, que mimetiza
seu entorno. Por dentro, todas as obras convergem para
um mesmo espaço, o que não
hierarquiza a visita.
ESPAÇOS GENEROSOS
As Cosmococas, que foram
vistas na Pinacoteca em
2003, são uma das obras fundamentais de Oiticica e parecia absurdo que elas podiam
estar em mostras permanentes de museus estrangeiros e
só temporariamente no país.
A apresentação de todas
elas -Trashiscapes, Onobject, Maileryn, Nocagions e
Hendrix-War- em espaços
generosos reforça ainda mais
o caráter de Inhotim como local único para se conhecer a
produção nacional.
Outras duas obras foram
ainda inauguradas em espaços abertos de Inhotim: "Desert Park", de Dominique
Gonzalez-Foerster, e "Palm
Pavilion", de Rirkrit Tiravanija. Ambos, com projeção
internacional, apresentam
trabalhos que lidam com
questões brasileiras.
O primeiro insere na paisagem simulações de proteções
em pontos de ônibus, em debate sobre o modernismo nacional, enquanto o segundo,
presente na 27ª Bienal
(2006), é outra simulação,
agora das casas projetadas
pelo arquiteto Jean Prouvé
para as colônias francesas.
São ótimas escolhas curatoriais, pois atestam que
Inhotim pode apresentar certa originalidade em relação
aos demais centros internacionais de arte.
INHOTIM - CENTRO DE ARTE
CONTEMPORÂNEA
ONDE r. B, 20, Brumadinho, Minas
Gerais, tel. 0/xx/31/3227-0001
QUANDO qui. e sex (9h30 às
16h30), sáb. e dom. (9h30 às
17h30)
QUANTO R$ 16
AVALIAÇÃO ótimo
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