São Paulo, Quarta-feira, 27 de Outubro de 1999
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"Diáspora" começa na Índia e acaba nos palcos de São Paulo



8º Festival Internacional de Artes Cênicas inicia hoje sua viagem pela arte cigana


NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

A imagem, como quer Ruth Escobar, é de uma viagem mais ou menos como a diáspora, a dispersão dos ciganos a partir do primeiro milênio.
Com a Fanfarra de Bijapur e sobretudo com o grupo Divana, como o produtor francês Alain Weber chama sua reunião de músicos do Estado do Rajastão, a viagem começa pela Índia, suposta região de origem dos ciganos.
A abertura é hoje à noite no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. A mostra segue então por quase duas semanas com artistas dos Bálcãs e outras regiões do Leste Europeu, Espanha, até chegar ao Brasil. Nem todos são ciganos, embora de produção próxima.
Essa viagem é o 8º Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac), da atriz e produtora Ruth Escobar, que ganhou o subtítulo "A Diáspora Cigana". Não há peças de teatro na programação, teatro que foi dominante nas edições anteriores.
São espetáculos musicais em boa parte indicados por Weber, aliás, espetáculos em torno de uma única cultura, o que também é inédito no evento.
A produtora diz que chegou a pensar em suspender a mostra este ano em função de dificuldades de financiamento, mas achou a saída nos ciganos, principalmente depois do êxito da apresentação do mesmo Divana, ano passado.
A apresentação de hoje começa às 20h15 com a Fanfarra de Bijapur, que Weber descreve como um grupo "popular", cuja música resulta de influências da ocupação britânica da Índia.
A fanfarra, que não é formada por ciganos, costuma acompanhar cerimônias de casamento e enterro. Em São Paulo, vai iniciar o festival em meio ao público, pouco antes da apresentação formal de abertura da mostra.
O Divana reúne, além de músicos, outros artistas diversos do Rajastão, com artes como dança folclórica, narração de histórias e marionetes. Este ano, estarão presentes em São Paulo uma dançarina e músicos de diversas castas.
Também hoje, apresentam-se no festival os Músicos do Nilo, grupo igualmente sob direção artística de Weber e que só recentemente foi identificado como cigano. Eles vivem no interior do Egito, no Alto Nilo, e são citados pelo produtor como pioneiros da "world music".


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