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DIVANA
Músicos
se dividem
em castas
da Reportagem Local
Ele é um Kalbelia, vale dizer, até alguns anos atrás não
podia nem se estabelecer nas
cidades do Rajastão. Saltava
de uma para outra, obrigado
a acampar do lado de fora,
nômade forçado.
A casta Kalbelia, do músico Sheshnath Kalbelia, é
uma das três que compõem
o Divana, que abre hoje o
festival de Ruth Escobar. Divana é um nome de fantasia
para um agrupamento de
artistas do Rajastão, Estado
no noroeste da Índia que
fascina o Ocidente por suas
histórias do esplendor dos
rajás ou marajás.
O nome do grupo pouco
tem a ver com os artistas, na
origem. Como relata Kuldeep Kotmari, diretor-assistente de um instituto de folclore do Rajastão, que acompanha os artistas, eles se dividem em castas de músicos
profissionais, reunidos um
pouco aleatoriamente para
shows no exterior.
No caso dos nove músicos
de hoje, são três Manganyar
e três Langa, castas tidas como aristocráticas, que têm
apoio para praticar sua música, e três Kalbelia.
Um deles é Sheshnath, 26,
que toca um instrumento
chamado Pungi e, em entrevista, fala pouco ou quase
nada. Aliás, só fala um dos
muitos dialetos do Rajastão.
Responde em monossílabos,
traduzido por Kotmari, o
qual, aliás, só entende parcialmente o dialeto.
O sorridente Sheshnath relata que viveu de cidade em
cidade na fronteira com o
Paquistão e que, ainda hoje,
não pode morar em área urbana. Vive nas cercanias de
Jodhpur, depois de reformas
liberalizantes que permitiram que os Kalbelia se estabelecessem, afinal.
A família, de tempos em
tempos, vai a Jodhpur e cidades próximas e se apresenta em troca de comida.
Na casta de músicos, ele
aprendeu a tocar por volta
dos 12 anos, com a mãe e o
irmão mais velho.
"Mas nas castas de músicos profissionais", diz
Sheshnath, na tradução floreada por Kuldeep Kotmari,
"uma criança nunca é ensinada, na verdade. Você
aprende por você mesmo.
Você dá seu ouvido para a
música. E a música ganha
forma em você". (NS)
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