São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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33ª MOSTRA DE SP

Sexo à mostra

Documentário sobre clube de casais e ficção "semigay" estão na programação do festival paulistano

Divulgação
O coreano "Voluntária Sexual", sobre uma mulher que faz sexo por caridade, tem última sessão na mostra hoje, às 16 h, no Cine Bombril (classificação: 16 anos)

FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Caros amigos homossexuais, o mundo é mesmo gay? Uma possível resposta pode ser encontrada em "O Dia da Transa", um filme com cara de experimento que parte da premissa: o que aconteceria se dois amigos heterossexuais resolvessem fazer sexo em nome da arte? O resultado virá nos parágrafos abaixo, e o filme está na 33ª Mostra. Com menos falatório e mais ação, o festival também fala de sexo com "American Swing". E, com temática mais sombria, há o "Voluntária Sexual", sobre coreana que transa por caridade.
Em "O Dia da Transa", a diretora, atriz e roteirista americana Lynn Shelton, 44, filma o encontro dos amigos de faculdade Ben (Mark Duplass), o cara certinho feliz no casamento, e Andrew (Joshua Leonard), o artista que viaja o mundo. Muitos anos sem se ver, Andrew aparece na casa de Ben, em Seattle. E, bêbados numa festa de hippies, decidem participar de um festival de curtas pornôs amadores, com a "sensacional ideia" de colocar dois heterossexuais para transar.
Quando vem a ressaca, eles decidem que são machos para levar o plano adiante, até os últimos tensos minutos finais do filme, num quarto de hotel. Para isso, a diretora levou os dois atores para um hotel e lá ficaram por 12 horas. Os diálogos foram improvisados, assim como o resto do filme, mas o desfecho estava total em aberto.
"Mas, a partir de um certo momento, percebi que só tinha uma forma de terminar", diz a diretora, que exibiu o filme numa mostra em Cannes e ganhou o prêmio especial do júri de Sundance. "Enquanto eles estavam atuando, realmente estavam a fim de fazer aquilo acontecer; era um desafio, mas não rolava."
Eles se abraçam, se beijam, inventam maneiras estapafúrdias de resolver a situação, e nada. "Quando comecei o filme, eu queria de fato que algo acontecesse entre eles. Acho que, de alguma maneira, eu acreditava nessa mentalidade de que o mundo é gay", diz Shelton, que filmou em dez dias, com uma miniequipe de oito pessoas.

Festival pornô
As reações ao filme são diversas. Shelton conta que a plateia nos EUA costuma rir muito, ainda que de forma "bem tensa", ao contrário do público de festivais gays, "mais relaxados". Ela conta que não quis fazer comédia, e que na Europa "se captou melhor as partes pesadas".
Muitos gays também ficaram decepcionados com o final, ela diz, embora ache que o filme ajude na causa dos direitos civis dos gays. "Ele ilustra que você não acorda um dia e decide ser gay. Isso não é uma escolha."
Com o sucesso em festivais, Shelton foi convocada a participar do tal evento de curtas pornôs, que existe de verdade, em Seattle, desde 2005, e se chama Hump! -inspiração do nome original do filme de Shelton, "Humpday". Ela participou pela primeira vez, neste mês, com um curta sobre uma lésbica que tenta transar com um gay.
Neste ano, o Hump! teve cem curtas, que vão do pornô leve ao pesado -as cópias do festival são destruídas no final da exibição. Segundo seu criador, o colunista Dan Savage, a obra de Shelton lidera a contagem de votos para ganhar o prêmio do público, de cerca de R$ 4 mil.


O DIA DA TRANSA

Quando: quinta, às 21h40, no Espaço Unibanco Augusta 3, e em outros quatro dias, até 5/11
Classificação: 18 anos




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