São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"O Dia da Transa"

Filme abusa de clichês irritantes e verborragia

ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cinema independente dos EUA, desde os anos 60 um lançador de grandes tendências, está numa fase de amargar. Há um bom tempo, diretores "off-Hollywood" vêm apelando para uma fórmula desgastada, que esconde caretice sob um falso verniz de subversão. "O Dia da Transa" é mais um exemplo.
O filme desfila os clichês mais irritantes do cinema alternativo recente: temas "polêmicos", verborragia excessiva, roteiros esquemáticos, diálogos espertos e personagens supostamente descolados. Lembrou de "Juno"? Pois é.
Em "O Dia da Transa", dois colegas se reencontram depois de dez anos. Andrew, o doidão da classe, passou os últimos tempos mochilando por México e Ásia. Já Ben é o careta que casou, comprou uma casa e sonha com filhos. Depois de uma festa muito doida, regada a vinho e outros baratos, os dois fazem um pacto de coestrelar um filme pornô gay. É sério.
A história caberia num curta, mas a diretora Lynn Shelton estica o fiapo por intermináveis 94 minutos, empilhando diálogos engraçadinhos e situações improváveis, que parecem saídas de alguma série cômica de TV. Os personagens são arquétipos de "sitcom", como um casal de artistas lésbicas e a esposa caretona. O filme é isso: uma versão picante de um mau programa de TV. E reflete a falta de ousadia de uma geração que não sonha mais em ser John Cassavetes, mas Jerry Seinfeld.


Avaliação: ruim



Texto Anterior: Sexo à mostra
Próximo Texto: Documentário expõe clube de swing de NY nos anos 70
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.