São Paulo, quinta, 27 de novembro de 1997.




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MEMÓRIA
Movéis e documentos do escritor se encontram em más condições na Uni-Rio
ABL restaurará acervo de Machado de Assis

Pubius Virgilius/Folha Imagem
O edifício da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro


da Sucursal do Rio

Móveis e documentos do escritor Machado de Assis (1839-1908), que se encontram em más condições de conservação na biblioteca do Centro de Letras e Artes da Uni-Rio (Universidade do Rio de Janeiro), serão restaurados pela ABL (Academia Brasileira de Letras).
O acervo, que apesar de estar na Uni-Rio pertence à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), será cedido para a ABL em regime de comodato. O contrato entre a universidade e a instituição deverá ser assinado no próximo mês.
Depois de restaurados, móveis e documentos ficarão expostos no Centro de Memória, espécie de museu inaugurado há duas semanas pela ABL.
O acervo inclui 23 móveis. A pior situação é a da cama que pertenceu ao escritor e sua mulher, Carolina. Ela está desmontada e guardada no vestiário dos faxineiros da biblioteca (Urca, na zona sul).
No segundo andar, estão três aparadores, com tampo de mármore e espelhos de cristal, e dois armários baixos. Há ainda uma mesa de refeições com dez cadeiras, um tabuleiro de xadrez de madeira e vidro, uma mesa de cabeceira e várias cadeiras.
A ABL receberá ainda quatro quadros, dois jornais e seis fotografias do escritor e de Carolina. Também serão cedidos os originais de três poemas compostos e manuscritos por Machado de Assis, cinco documentos pessoais (entre eles, a cópia do testamento do escritor), alguns contratos e correspondência.
Nenhum dos móveis é identificado como tendo pertencido a Machado de Assis. As peças não estão seguradas.
A cessão do acervo para a ABL encerra uma novela iniciada em 1979, quando o então ministro da Educação, Eduardo Portella, comprou os móveis e documentos em leilão promovido pelos herdeiros do escritor.
De acordo com o reitor da UFRJ, Paulo Alcantara Gomes, a intenção do então ministro era ceder o acervo para a ABL, mas por questões burocráticas todo o material foi transferido para a UFRJ.
Pouco tempo depois, foi cedido para a Uni-Rio a pedido do então reitor da instituição, o escritor Guilherme Figueiredo. Os móveis e documentos chegaram a ser expostos em uma sala especial, mas no final dos anos 80 foram transferidos para a biblioteca do Centro de Letras e Artes.
"Não temos condições financeiras para fazer a manutenção adequada desse acervo, por isso concordamos com a decisão da UFRJ de ceder todo o material para a ABL", disse o reitor da Uni-Rio, Hans Jurgen Dohmann.



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