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Interpretação impressiona por fatalismo
DA REPORTAGEM LOCAL
A obra de Raymundo
Faoro sobre a formação do
Estado e da classe política
brasileira impressiona pelo tom fatalista, no que se
distingue de obras clássicas sobre outras "formações" do Brasil.
Se "Raízes do Brasil", de
Sérgio Buarque de Holanda, aponta para a possibilidade de transformação da
sociedade brasileira a partir da chegada de novos
imigrantes, segundo a
análise do crítico Antonio
Candido, se Gilberto Freyre mapeia em suas obras a
decadência do patriarcado
rural, e se o próprio Candido, em sua "Formação da
Literatura Brasileira", vê
em Machado de Assis um
autor que supera os impasses criativos anteriores, Faoro vê apenas manutenção e repetição de
uma "monstruosidade social" na forma do Estado
brasileiro.
O título do capítulo conclusivo dá bem uma medida desse argumento: "A
Viagem Redonda". O tom
é duro. Se o Estado é o
grande provedor, o Brasil
se torna, de certa forma,
uma nação de agregados.
Nessa mesma conclusão,
escreve Faoro que a nação
tende, inevitavelmente, ao
"parasitismo".
Em sua apresentação, o
cientista político Gabriel
Cohn afirma que "não há
nesse livro nada que se assemelhe ao relato da gradativa constituição de
uma configuração nacional com feição e dinamismo próprios".
(RC)
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