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COMIDA
azeitada
Cartas de azeites incrementam menus de restaurantes em São Paulo, com rótulos de extravirgens de diferentes regiões do mundo e dicas de harmonização
LUIZA FECAROTTA
DO GUIA DA FOLHA
Colhidas manualmente, uma
a uma, as azeitonas podem se
transformar em azeites de alta
qualidade, com características
que envolvem variação de cor,
com tons amarelados e esverdeados, aromas próprios, naturais, com notas frutadas, florais, herbáceas e de especiarias,
além de sabores que passam
por doçura e amargor.
Para explorar e divulgar essa
diversidade, restaurantes de
São Paulo desenvolveram cartas de azeites detalhadas, que
destacam diferentes regiões do
mundo. "Isso representa uma
evolução. Há três anos, aqui se
usava muito azeite de semente,
todos nocivos à saúde. E fazer
uma carta ampla é difícil porque o azeite costuma custar caro", explica Luciano Percussi,
autor do livro "Azeite - História, Produtores, Receitas".
Comum em países como Itália e Espanha, as cartas de algumas casas paulistanas reúnem
apenas rótulos de azeites extravirgens, derivados de azeitonas
colhidas artesanalmente -de
preferência verdes-, prensadas a frio ainda frescas e com
baixa porcentagem de acidez.
Para degustar
As cartas também são boa
oportunidade de conhecer uma
variedade de azeites, sem ter de
comprá-los em garrafas para
consumo caseiro.
No restaurante mediterrâneo La Table O & CO, a diversidade é reforçada pela butique
anexa, a Oliviers & CO, com sede na França. Uma amostra da
marca, de pequenos produtores de países como Espanha e
Grécia, exibe azeites com características diversas, além da
linha de balsâmicos italianos,
envelhecidos em barricas de
carvalho, introduzida recentemente no Brasil.
A novidade é o lançamento
da primeira edição da carta de
azeites da casa. Ilustrada com
fotos, traz informações de origem, olivas, produtores e sugestões de harmonização. Chegam à mesa na própria "garrafa", apresentada pelo garçom
como o vinho, e são servidos em
doses de 20 ml, a R$ 4.
Destaca-se ainda a linha de
azeites aromatizados, como de
mandarina, prensadas frescas
junto com as azeitonas. "São
azeites que harmonizam com
peixes, alguns vegetais e sobremesas", explica Marcus Pimentel, gerente do restaurante.
Também com o objetivo de
harmonizar os azeites com os
pratos do menu, o restaurante
Canvas, do hotel Hilton São
Paulo Morumbi, oferece 11 rótulos divididos por países (Itália, Grécia e Portugal) na carta
bilíngüe (português e inglês).
Renovada periodicamente, tem
preços elevados, que variam de
R$ 6 a R$ 23, a dose (30 ml).
No Lola Bistrot, o azeite despertou o interesse do sommelier João Renato da Silva: "Fiz
uma seleção de azeites e passei
por treinamento com os especialistas de cada importadora".
Sua carta contempla cinco países, mas ele prefere os gregos:
"Isso é muito pessoal, mas eu
não gosto de amargor elevado e
os gregos são mais leves".
Com azeites da Itália, Portugal, Espanha, Grécia e Chile, a
carta traz informações sobre
premiações, porcentagem de
acidez, azeitonas e características sensoriais dos azeites, servidos em doses de 25 ml, com
preços que variam de R$ 2,5 a
R$ 11 -e também podem ser levados para a casa nas garrafas.
Do cardápio, também há pratos que utilizam o produto em
sua receita, como a sopa fria de
"fromage blanc" (queijo fresco
cremoso), com hortelã, almôndegas de cordeiro e trigo libanês (R$ 21), finalizada com o
azeite grego Jordan.
Uma seleção de dez rótulos,
assinada pelo especialista Isaac
Azar, está à disposição no Paris
6, para viagem -os azeites foram trazidos do extinto restaurante Azaït.
Mediterrâneo
Júlio Medeiros, chef e proprietário do restaurante Oliva,
promove festivais de azeite todos os anos. A quarta edição,
que vai até o dia 6 de dezembro,
traz pratos e azeites típicos de
regiões do Mediterrâneo, como
Tunísia, Líbia e Egito. Presentes em todas as etapas do menu,
até na sobremesa, os itens são
cobrados individualmente e
harmonizados com vinho.
Para incrementar as opções
da casa, os azeites do festival foram incorporados na carta, que
hoje lista 30 rótulos.
Expostos em uma mesa, apenas no jantar, é possível experimentá-los sem custo adicional
e aprender mais consultando
informações da carta. Com planos de expandir essa cultura, o
chef também pretende vender
as garrafas em seu restaurante,
a partir de 2009.
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