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Paris comemora centenário do criador de Tintim
O personagem é a principal atração de mostra no Centro
Georges Pompidou em homenagem ao desenhista Hergé
Exposição traz cerca de
300 documentos, entre
correspondências,
publicações, desenhos
e pranchas originais
ANA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Ele já havia rodado o mundo
inteiro e até pisado na Lua, mas
nunca havia entrado antes no
Centro Georges Pompidou, em
Paris. Desde o último dia 20 de
dezembro, Tintim, o mais famoso repórter da história dos
quadrinhos mundiais, é a principal atração da mostra Hergé,
organizada pelo centro cultural
parisiense e pela Fundação
Hergé, na Bélgica.
A exposição faz parte de uma
série de eventos que serão realizados em diversos países europeus para comemorar o centenário de nascimento de Georges Rémi (1907-1983), o famoso
desenhista belga criador de
Tintim, que ficou mundialmente conhecido pelo pseudônimo Hergé, uma declinação
das iniciais invertidas de seu
nome, RG.
A mostra em Paris, que é gratuita, traz cerca de 300 documentos, entre correspondências, publicações, desenhos e
pranchas originais que mostram a evolução da obra e vida
de Hergé, desde os primeiros
desenhos publicados na imprensa belga nos anos 20, como
o escoteiro Totor, que inspirou
a criação de Tintim, passando
pelo encontro com o artista
Andy Warhol, nos anos 60, até
os últimos croquis realizados
na década de 70, como o álbum
"Tintin et l'Alph-Art", interrompido em 1983 com a morte
do autor.
"Não quis conceber a mostra
como um especialista de Tintim, mas sim como um historiador da arte, que defende as
histórias em quadrinhos como
uma expressão artística importante", explica Laurent Le Bon,
um dos curadores da exposição.
Entre as pérolas da exposição, estão 124 pranchas originais do álbum "O Lótus Azul",
realizadas entre 1934 e 1935,
onde o público pode ver algumas seqüências corrigidas em
guache branco diretamente pelo autor. O álbum, que se passa
na China durante o imperialismo japonês, marca uma mudança importante na obra do
desenhista, que abandona os
clichês e estereótipos que marcaram as primeiras aventuras
do repórter e passa a ter uma
visão mais realista do mundo.
Essa mudança em seu trabalho se deu, principalmente, a
partir do encontro com o estudante de belas artes chinês
Tchang Tchong-jen, que incentivou Hergé a se informar com
mais detalhes sobre os países
visitados pelo jovem repórter.
Outros personagens que povoaram as aventuras de Tintim,
como o inseparável cão Milu, o
capitão Haddock, os policiais
Dupont e Dupond, a cantora
Bianca Castafiore e o distraído
professor Girassol, também
saíram dos quadrinhos para
ilustrar os muros do Centro
Pompidou. Um enorme painel
organizado por ordem cronológica situa os anos de criação dos
personagens.
O público pode ver ainda
uma coleção de capas originais
das aventuras de Tintim, publicadas no suplemento juvenil
"Le Petit Vingtième" entre 1931
a 1941, além de registros em áudio e vídeo que mostram o processo de criação de Hergé.
Já a dimensão ideológica das
aventuras de Tintim é pouco
abordada. A mostra traz somente a reprodução de uma
carta em que Hergé responde a
um leitor que o acusava de anti-semitismo.
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