|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
saiba mais
Primeiras histórias foram criticadas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE
PARIS
Georges Remis nasceu
na Bélgica no dia 22 de
maio de 1907. Autodidata,
o desenhista criou o personagem Tintim para o
suplemento juvenil "Le
Petit Vingtième", do jornal católico e anticomunista "Le Vingtième Siècle". A primeira aventura
do jovem repórter, "Tintim no País dos Soviéticos", começou a ser publicada no dia 10 de janeiro
de 1929.
A partir daí, o repórter e
seu fiel cãozinho Milu percorreram o mundo inteiro. Ao longo dos 23 álbuns,
Tintim passa pela Guerra
do Chaco, pela Revolução
Russa, pela Guerra Fria e
até antecipa a primeira
viagem do homem à Lua.
Considerado um dos
maiores autores das histórias em quadrinhos do século 20, Hergé influenciou
toda uma geração de desenhistas com um estilo que
ficou conhecido por linha
clara, marcado por traços
simples e de espessura regular, idênticos para todos
os elementos do desenho,
e pela quase total ausência
de sombras. "A obra de
Hergé se situa entre o realismo e o caricatural, com
um equilíbrio de textos e
imagens e poucos detalhes
que não são importantes",
explica Benoît Peeters, autor de dois livros sobre a
vida e obra de Hergé.
Apesar do universalismo da obra do desenhista
belga, os primeiros álbuns
de Tintim foram marcados por uma forte visão
colonialista e eurocentrista do mundo. Em "Tintim
no País dos Soviéticos", o
autor não hesitou em reproduzir a ideologia antibolchevista. O segundo álbum, "Tintim na África",
também foi bastante criticado. Em 1946, o autor
chegou a modificar o texto
original, substituindo a
aula de geografia e história
que Tintim dava às crianças africanas, intitulada
"Sua Pátria, a Bélgica", por
uma lição de matemática.
Hergé também foi acusado de anti-semitismo ao
publicar, durante a Segunda Guerra Mundial, nas
páginas do jornal belga de
tendência nazista "Le
Soir", episódios de "A Estrela Misteriosa", em que
o vilão era uma caricatura
de um banqueiro judeu.
O próprio Hergé, que
reconheceu mais tarde a
visão colonialista e racista
de parte de sua obra, costumava dizer que vivia em
um meio conservador e
que sua apreensão do
mundo evoluíra.
(AD)
Texto Anterior: Paris comemora centenário do criador de Tintim Próximo Texto: Eventos em vários países lembram desenhista belga Índice
|