JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Cozinha francesa? Italiana? Mediterrânea? O novo restaurante Wolfgarten propõe uma outra classificação para sua especialidade: cozinha européia contemporânea. Não deixa de fazer sentido, já que não se limita ao arco franco-italiano, comum em restaurantes da cidade, e se arrisca também por outras áreas, como Áustria e Alemanha.
A razão disso está na origem dos proprietários, a paulista Mônica Wolf e seu marido, o chef austríaco Markus Wolf, ambos de 29 anos. Publicitária, ela decidiu estudar gastronomia e desde 2002 esteve na Europa em escolas e restaurantes.
Num restaurante da Espanha ela conheceu o austríaco Wolf, que estudou cozinha desde os 14 anos e, além de seu país, trabalhou na Alemanha e em Portugal, antes de encontrar a futura mulher. Eles ainda trabalharam uma temporada na Áustria antes de mudar para o Brasil, há cinco meses, e abrir o restaurante.
Aqui eles trabalham coordenados. Ela atende os clientes no salão -distribuído em dois meios-pisos, com paredes de tijolo e chão rústico, ornado por uma pequena jabuticabeira. Ele se encarrega da cozinha, onde produz seus pratos multieuropeus, já com algumas interferências brasileiras e até do Oriente. Entre eles, carpaccio de filé mignon com pesto, lascas de parmesão e chips de batata; robalo grelhado com crosta crocante, cuscuz de cremolata e nage de tomate e azeitonas; peito de pato com castanhas glaceadas, repolho-roxo e blini de knëdel.
Os pratos são bem-acabados e, mesmo com resultado desigual, alguns realmente seduzem. Os raviólis de queijo fresco com pignoli e vagem têm massa sedosa, recheio delicado e molho fresco, rescendendo aos legumes. O filé de namorado com pepino salteado, arroz basmati, espuma de iogurte e mostarda em azeite de semente de abóbora é suculento e leve, embora o peixe em si careça de maior sabor.
O carré de cordeiro com "caviar" de berinjela é realçado por um leve creme de alho com batatas. O apfelstrudel caramelizado com sorvete de tonka (uma fava semelhante à baunilha) tem a massa mole, não crocante, e o recheio não atrai. Mas encerra uma refeição tranqüila, que não decepciona.

josimar@basilico.com.br