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Morre nos EUA o escritor John Updike, 76
Autor da série "Coelho" e de "As Bruxas de Eastwick", que visitou o Brasil nos anos 90, tinha câncer de pulmão
Admirador de Machado de Assis e Rubem Fonseca, o romancista era conhecido por retratar a classe média norte-americana
DA REPORTAGEM LOCAL
O escritor norte-americano
John Updike morreu ontem,
aos 76 anos, de câncer de pulmão, em Massachusetts, nos
EUA. Um dos principais autores de língua inglesa, Updike ficou célebre pela série de livros
"Coelho" e pelo romance "As
Bruxas de Eastwick", levado ao
cinema em 1987, com Jack Nicholson como protagonista.
Vencedor de dois prêmios
Pulitzer e de dois National
Book Awards -os principais
dos EUA-, também era recorrente candidato ao Nobel. No
ano passado, foi convidado para participar da Festa Literária
Internacional de Paraty, mas
não respondeu à proposta.
A notícia da morte foi dada
por Nicholas Latimer, seu editor na Alfred A. Knopf: "Ele era
um de nossos grandes escritores e fará muita falta".
Autor produtivo, Updike deixa uma longa lista de mais de 50
títulos, ao longo de uma carreira iniciada na década de 50.
Segundo a crítica literária do
jornal "The New York Times",
Michiko Kakutani, os romances de Updike eram "variados e
ambiciosos" e definiam "de
modo lírico as alegrias e arrependimentos da classe média
norte-americana".
Entre seus principais temas
estavam o sexo e angústias espirituais e morais. Updike dizia
que seu assunto, essencialmente, "era a classe média protestante norte-americana", bem
retratada na série composta pelos livros "Coelho Cai", "Coelho
Corre", "Coelho Cresce" e
"Coelho em Crise".
O professor de teoria literária da Unicamp Eric Sabinson
concorda: "Foi um grande observador do comportamento
do norte-americano médio.
Além disso, era um estilista,
com bastante senso de humor,
e um bom crítico de arte".
No Brasil
O escritor esteve no Brasil
em março de 1992, para lançar
quatro títulos da série "Coelho". Na ocasião, realizou o seu
desejo de ver a constelação do
Cruzeiro do Sul, no Rio de Janeiro, e encontrou-se com autores brasileiros.
Entre eles, estava o gaúcho
Moacyr Scliar: "Na literatura
como na vida real, era um tipo
afetivo, de uma empatia notável que lhe permitiu ser intérprete da sociedade americana e
atingir um grande público".
Um de seus compromissos
em São Paulo foi uma palestra
no auditório da Folha, em que
analisou a literatura brasileira,
elogiando Machado de Assis e
Euclydes da Cunha.
Sobre o primeiro, Updike
disse que "foi certamente um
mestre", "tinha um tom leve e
delicado", e que havia lido "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro".
Citou, ainda, entre suas preferências, Clarice Lispector e
Rubem Fonseca. Além de divulgar seus livros, Updike visitou cidades históricas de Minas
Gerais, como Ouro Preto. Um
dos resultados da viagem foi o
romance "Brazil", de 1994.
O editor de sua obra no Brasil, Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, disse que Updike "era um homem alegre e
doce, e como escritor tinha
uma técnica incrível".
Bruxasm
A editora vai publicar, em
2010, uma edição de bolso de
"As Bruxas de Eastwick" e, em
2011, lançará o inédito "As Viúvas de Eastwick", de 2008.
Updike nasceu em 18 de março de 1932, em Reading, na
Pensilvânia, e estudou inglês
em Harvard e arte em Oxford,
no Reino Unido. Ele se casou
duas vezes e teve quatro filhos.
Nos anos 50, o escritor entrou
para o time de colaboradores
da revista "New Yorker", na
qual publicou poemas, contos e
ensaios. Em 1958, foi publicado
seu primeiro livro, "The Carpentered Hen and Other Tame
Creatures", de poesias.
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