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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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CRÍTICA

Caine compensa trama sem profundidade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Pode-se ver "O Americano Tranquilo" de várias maneiras: a história de um triângulo amoroso; um drama de espionagem e jornalismo; filme político ou de turismo retrospectivo.
Estamos em Saigon, 1952, com o domínio francês na Indochina se desmilinguindo e os comunistas avançando. Ali vive Thomas Fowler, jornalista britânico e amante de Phuong, beldade local. Nisso chega à cidade Alden Pyle, diplomata norte-americano.
O quadro político se completa: com a iminente derrota dos franceses, os americanos começam a pôr as mangas de fora, buscando a criação de uma "terceira força" -financiando um títere local- para evitar o triunfo dos comunistas.
À presumível tensão que existe no ar acrescentam-se duas outras: o jornal quer mandar Fowler de volta para Londres, e Pyle apaixona-se loucamente por Phuong. No mais, Fowler tem uma mulher na Inglaterra que não quer lhe dar o divórcio, enquanto Pyle, solteiro, pode oferecer casamento a Phuong, ou seja, um estado civil tido por decente.
Phuong é o pivô de tudo, ou quase. Embora se mostre apaixonada por Fowler, assim que vê Pyle assume uma atitude pelo menos ambígua. Está, em todo caso, longe de rejeitar a corte que lhe faz o americano.
Sua situação, como um ioiô entre os dois homens, não deixa de ser uma metáfora da Indochina, depois Vietnã: entre franceses e comunistas, russos e americanos, sem ter nenhum direito aparente a um em si (e com ressonâncias atuais evidentes).
Como sugere muitos aspectos e não aprofunda nenhum, "O Americano Tranquilo" acaba sendo um desses filmes beija-flor, que tocam em tudo e não se aprofundam em nada. O que não o impede -antes pelo contrário- de ser uma dessas diversões certas de sábado à noite: não ofende a ninguém, não desagrada a ninguém, evolui agradavelmente etc. E, na pior das hipóteses, há Michael Caine, notável.


O Americano Tranquilo
The Quiet American
  
Direção: Philip Noyce
Produção: EUA, 2002
Com: Michael Caine e Brendan Fraser
Quando: a partir de hoje nos cines Belas Artes, Market Place Cinemark e circuito



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