São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

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ARQUITETURA

Publicação traz ensaios sobre o Palacete Santa Helena, um dos primeiros arranha-céus de SP e berço de artistas

Livro eterniza memória do Santa Helena

DA REPORTAGEM LOCAL

Terminada a leitura de "Palacete Santa Helena - Um Pioneiro da Modernidade em São Paulo", há pouco espaço para o conformismo que admite que um dos primeiros arranha-céus metropolitanos tenha vindo abaixo em 1971, em razão da expansão do metrô na praça da Sé. Sua derrocada antecipa a sina do Palácio Monroe, no Rio, ex-sede do Senado Federal, em 1976, demolido sem alarde, como ocorreu em São Paulo.
O livro organizado pelos arquitetos e urbanistas Candido Malta Campos e José Geraldo Simões Júnior, professores de pós-graduação da Universidade Mackenzie, joga uma luz sobre essa história hoje pouco lembrada, exibindo dados que mostram quão desatinada foi tal destruição.
Há fartura de plantas e imagens, além de ensaios extensos -seis, no total- sobre aspectos da ascensão e queda do Santa Helena, sem esquecer o grupo homônimo de artistas que surgiu dali em 1933-Alfredo Volpi (1896-1988), Aldo Bonadei (1906-1974) e Mário Zanini (1907-1971), entre outros.
A "arquitetura laissez-faire" foi a corrente propícia para que a cultura do arranha-céu chegasse à cidade e tivesse no Santa Helena -assim como no Martinelli e no Sampaio Moreira-, finalizado em 1925, um símbolo de suas propaladas qualidades: a materialização do progresso, a pujança do capitalismo e o triunfo da modernidade, como explica a arquiteta e urbanista Nadia Somekh.
Antes do florescer do grupo, o palacete sediava um luxuoso cine-teatro. Imagem da sala reproduzida no livro chega a chocar ao evocar um requintado projeto que já não existe, que propiciou ao Santa Helena ser o primeiro edifício multifuncional de São Paulo.
Malta Campos e Rafael Perrone discutem em ensaio motivos que levaram à decadência prematura do palacete. Ao mesmo tempo, abrigou sindicatos e associações operárias, de onde surgiu seu célebre grupo de artistas. Imigrantes que trabalhavam como pintores de parede (Zanini) e até no açougue (Fulvio Pennacchi, 1905-1992), os artistas eternizaram como movimento artístico o nome do edifício que os acolheu e, décadas depois, tornou-se um capítulo amargo da cidade. (MARIO GIOIA)

Palacete Santa Helena - Um Pioneiro da Modernidade em São Paulo
Organização:
Candido Malta Campos e José Geraldo Simões Júnior
Editora: Senac e Imprensa Oficial
Quanto: R$ 80 (254 págs.)


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