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ARQUITETURA
Publicação traz ensaios sobre o Palacete Santa Helena, um dos primeiros arranha-céus de SP e berço de artistas
Livro eterniza memória do Santa Helena
DA REPORTAGEM LOCAL
Terminada a leitura de "Palacete Santa Helena - Um Pioneiro da
Modernidade em São Paulo", há
pouco espaço para o conformismo que admite que um dos primeiros arranha-céus metropolitanos tenha vindo abaixo em 1971,
em razão da expansão do metrô
na praça da Sé. Sua derrocada antecipa a sina do Palácio Monroe,
no Rio, ex-sede do Senado Federal, em 1976, demolido sem alarde, como ocorreu em São Paulo.
O livro organizado pelos arquitetos e urbanistas Candido Malta
Campos e José Geraldo Simões
Júnior, professores de pós-graduação da Universidade Mackenzie, joga uma luz sobre essa história hoje pouco lembrada, exibindo dados que mostram quão desatinada foi tal destruição.
Há fartura de plantas e imagens,
além de ensaios extensos -seis,
no total- sobre aspectos da ascensão e queda do Santa Helena,
sem esquecer o grupo homônimo
de artistas que surgiu dali em
1933-Alfredo Volpi (1896-1988),
Aldo Bonadei (1906-1974) e Mário
Zanini (1907-1971), entre outros.
A "arquitetura laissez-faire" foi
a corrente propícia para que a cultura do arranha-céu chegasse à cidade e tivesse no Santa Helena
-assim como no Martinelli e no
Sampaio Moreira-, finalizado
em 1925, um símbolo de suas propaladas qualidades: a materialização do progresso, a pujança do capitalismo e o triunfo da modernidade, como explica a arquiteta e
urbanista Nadia Somekh.
Antes do florescer do grupo, o
palacete sediava um luxuoso cine-teatro. Imagem da sala reproduzida no livro chega a chocar ao evocar um requintado projeto que já
não existe, que propiciou ao Santa
Helena ser o primeiro edifício
multifuncional de São Paulo.
Malta Campos e Rafael Perrone
discutem em ensaio motivos que
levaram à decadência prematura
do palacete. Ao mesmo tempo,
abrigou sindicatos e associações
operárias, de onde surgiu seu célebre grupo de artistas. Imigrantes que trabalhavam como pintores de parede (Zanini) e até no
açougue (Fulvio Pennacchi, 1905-1992), os artistas eternizaram como movimento artístico o nome
do edifício que os acolheu e, décadas depois, tornou-se um capítulo
amargo da cidade.
(MARIO GIOIA)
Palacete Santa Helena - Um Pioneiro da Modernidade em São Paulo
Organização: Candido Malta Campos e
José Geraldo Simões Júnior
Editora: Senac e Imprensa Oficial
Quanto: R$ 80 (254 págs.)
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