São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Coreógrafo considera desperdício a verba destinada à SP Cia. de Dança

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Figura emblemática no cenário da dança paulista, Sandro Borelli faz questão de se posicionar diante da São Paulo Companhia de Dança, grupo recém-criado pela Secretaria de Estado da Cultura. Um texto seu sobre o grupo, em tom agressivo, circula pela internet. Borelli diz que não tem nada contra a SP Cia., mas questiona a verba que envolve o projeto.
"Uma nova companhia de dança é sempre bem-vinda. Mas não faz sentido essa gastança toda [foram anunciados R$ 13 milhões para o projeto em 2008] para conseguir o que eles chamam de excelência na dança. É muito dinheiro para um só projeto. É tupiniquim no mau sentido. Um desperdício absurdo de verba. O Balé da Cidade sobrevive bem com cerca de um R$ 1 milhão por ano."
Presente à audição de seleção dos bailarinos da nova companhia realizada na segunda-feira, o secretário de Cultura João Sayad comentou as críticas de Borelli. Ele diz os R$ 13 milhões destinados à SP Cia. não vão alterar o orçamento de R$ 1,4 milhão previsto para a dança dentro do Programa de Ação Cultural (PAC) em 2008.
"É uma verba diferenciada, assim como R$ 13 milhões para uma companhia não é um disparate, porque queremos profissionais dedicados. Sabemos das dificuldades que uma companhia de qualidade, com bons professores, tem para sobreviver. Faz sentido ter dinheiro público envolvido. E sendo uma companhia de sucesso, a SP Cia. terá patrocínio privado também", afirmou o secretário.
Ele disse que soube do descontentamento de coreógrafos de grupos independentes de São Paulo por causa de declarações suas sobre a pretensa excelência da nova companhia.
"Excelência é procurar os melhores bailarinos, que é o que se faz nesta audição. Quando falo em excelência, não quer dizer que estou falando somente em dança clássica. Volto a comparar a nova companhia de dança à Osesp, porque ela nunca foi contra a música. A São Paulo Companhia de Dança é uma companhia a mais, como a Osesp é uma orquestra a mais, que influencia outras, mas que não vem contra a música", argumentou Sayad. (AP)


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