São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Cia. Borelli dança sua trajetória

Grupo apresenta pela primeira vez em seqüência a "Trilogia Kafka" e "Carne Santa", no teatro Itália

Coreógrafo Sandro Borelli vê nos trabalhos um retrato do homem num contexto social e político; cia. fará dança sobre Che Guevara

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Cia. Borelli inicia 2008 olhando para o passado. O grupo comandado pelo coreógrafo Sandro Borelli toma o teatro Itália, no centro de São Paulo, nas próximas três semanas e faz uma interessante mostra de quatro coreografias de seu extenso repertório, incluindo a "Trilogia Kafka", e ministra um workshop para bailarinos.
A companhia apresenta, pela primeira vez juntas, "A Metamorfose", "O Processo" e "Carta ao Pai", todas inspiradas nos textos do autor tcheco Franz Kafka, além de "Carne Santa", trabalho mais recente do grupo, cuja principal fonte é a obra musical do cantor e compositor Renato Russo.
"Politicamente é uma temporada muito significativa, porque raramente uma companhia de dança consegue mostrar quatro espetáculos ao mesmo tempo. Temos a chance de finalmente apresentar para nossa cidade o que produzimos", diz o coreógrafo, que em 11 anos de companhia conta com um repertório de 14 espetáculos.

Elo humano
Haveria, então, um elo entre todos os quatro trabalhos da retrospectiva? Borelli diz que sim. "Em todos falamos do ser humano dentro de um contexto social e político", diz.
Foi em 2001 que Borelli começou a investigar o universo kafkiano, com "A Metamorfose", interessado no diálogo da literatura com a dança. A partir daí, embora o coreógrafo tenha criado trabalhos sobre outros temas, o autor tcheco se tornou figura recorrente em suas pesquisas coreográficas.
"O que Kafka transmite para o leitor? Um ser humano frágil, achatado pela sociedade. É isto que mostramos no palco. Os espetáculos são sombrios, soturnos, tais como a obra de Kafka", diz o coreógrafo que já está às voltas com sua próxima criação kafkiana, "O Artista da Fome", enquanto também prepara um trabalho sobre Che Guevara.
Hoje, a Cia. Borelli conta com seis bailarinos, que ensaiam juntos diariamente e ganham salário fixo: um esquema de trabalho e de salários raros entre as companhias independentes, como faz questão de frisar o coreógrafo.
Borelli costuma ser convidado para criar para companhias como o Balé da Cidade, mas a principal fonte de renda de sua companhia nos últimos anos tem sido premiações em editais dos mais variados, como o Programa de Ação Cultural (PAC), da Secretaria de Estado da Cultura, e o Prêmio Klauss Vianna, da Funarte.


CIA. BORELLI
Quando:
estréia amanhã, até 15/3; "A Metamorfose", sex. (29/2 e 7/3), às 20h; "O Processo", sáb. (1º/3 e 8/ 3), às 20h); "Carta ao Pai", dom. (2/3 e 9/ 3), às 18h; "Carne Santa", de 14/3 a 16/3, sex. e sáb., às 20h, dom., às 18h
Onde: teatro Itália (av. Ipiranga, 344, subsolo, tel. 0/xx/11/2189-2555)
Quanto: R$ 4


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