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Cia. Borelli dança sua trajetória
Grupo apresenta pela primeira vez em seqüência a "Trilogia Kafka" e "Carne Santa", no teatro Itália
Coreógrafo Sandro Borelli vê nos trabalhos um retrato
do homem num contexto social e político; cia. fará
dança sobre Che Guevara
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Cia. Borelli inicia 2008
olhando para o passado. O grupo comandado pelo coreógrafo
Sandro Borelli toma o teatro
Itália, no centro de São Paulo,
nas próximas três semanas e
faz uma interessante mostra de
quatro coreografias de seu extenso repertório, incluindo a
"Trilogia Kafka", e ministra um
workshop para bailarinos.
A companhia apresenta, pela
primeira vez juntas, "A Metamorfose", "O Processo" e "Carta ao Pai", todas inspiradas nos
textos do autor tcheco Franz
Kafka, além de "Carne Santa",
trabalho mais recente do grupo, cuja principal fonte é a obra
musical do cantor e compositor
Renato Russo.
"Politicamente é uma temporada muito significativa, porque raramente uma companhia
de dança consegue mostrar
quatro espetáculos ao mesmo
tempo. Temos a chance de finalmente apresentar para nossa cidade o que produzimos",
diz o coreógrafo, que em 11 anos
de companhia conta com um
repertório de 14 espetáculos.
Elo humano
Haveria, então, um elo entre
todos os quatro trabalhos da retrospectiva? Borelli diz que
sim. "Em todos falamos do ser
humano dentro de um contexto social e político", diz.
Foi em 2001 que Borelli começou a investigar o universo
kafkiano, com "A Metamorfose", interessado no diálogo da
literatura com a dança. A partir
daí, embora o coreógrafo tenha
criado trabalhos sobre outros
temas, o autor tcheco se tornou
figura recorrente em suas pesquisas coreográficas.
"O que Kafka transmite para
o leitor? Um ser humano frágil,
achatado pela sociedade. É isto
que mostramos no palco. Os espetáculos são sombrios, soturnos, tais como a obra de Kafka",
diz o coreógrafo que já está às
voltas com sua próxima criação
kafkiana, "O Artista da Fome",
enquanto também prepara um
trabalho sobre Che Guevara.
Hoje, a Cia. Borelli conta com
seis bailarinos, que ensaiam
juntos diariamente e ganham
salário fixo: um esquema de
trabalho e de salários raros entre as companhias independentes, como faz questão de frisar o
coreógrafo.
Borelli costuma ser convidado para criar para companhias
como o Balé da Cidade, mas a
principal fonte de renda de sua
companhia nos últimos anos
tem sido premiações em editais
dos mais variados, como o Programa de Ação Cultural (PAC),
da Secretaria de Estado da Cultura, e o Prêmio Klauss Vianna,
da Funarte.
CIA. BORELLI
Quando: estréia amanhã, até 15/3; "A
Metamorfose", sex. (29/2 e 7/3), às
20h; "O Processo", sáb. (1º/3 e 8/ 3),
às 20h); "Carta ao Pai", dom. (2/3 e 9/
3), às 18h; "Carne Santa", de 14/3 a
16/3, sex. e sáb., às 20h, dom., às 18h
Onde: teatro Itália (av. Ipiranga, 344,
subsolo, tel. 0/xx/11/2189-2555)
Quanto: R$ 4
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