São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Governo de SP dá ingresso para filmes

Secretaria de Cultura inicia distribuição de 2,5 milhões de bilhetes para que alunos da rede pública vejam obras brasileiras

Distribuidores dizem haver "discrepâncias" no número de 1,9 milhão de espectadores que, segundo a secretaria, o programa obteve em 2008

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo iniciou ontem a distribuição gratuita de 2,5 milhões de ingressos para filmes brasileiros, por meio do programa "Vá ao Cinema".
Nessa etapa, serão entregues 190 mil vales a alunos da rede pública de ensino de 19 cidades do interior paulista. Para cada vale trocado por um ingresso para filme brasileiro, a secretaria paga R$ 3 ao exibidor.
A previsão do governo do Estado é que a campanha atinja ao menos 115 cidades, incluindo a capital, ao longo do ano.
A iniciativa ocorre em meio a dúvidas e questionamentos de agentes do mercado cinematográfico em relação aos resultados obtidos no ano passado pelo programa, que levou 1,9 milhão de pessoas ao cinema, segundo dados da Secretaria de Cultura, conforme a Folha noticiou no último dia 12/1.
Após a publicação da reportagem, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) cobrou das empresas distribuidoras o envio de dados com o total de público de seus respectivos filmes em 2008, já que os espectadores do "Vá ao Cinema" não haviam entrado na conta que apontava 8,7 milhões como a soma do público dos longas nacionais no ano passado.
O 1,9 milhão de espectadores do "Vá ao Cinema" ficou de fora da contabilidade oficial porque a maioria dos filmes participantes do programa foi negociada no modelo de aluguel a "preço fixo", no qual o exibidor é desobrigado de informar ao distribuidor quantos espectadores a cópia obteve.
Na hora de refazer as contas, apareceram os problemas. "Verificamos discrepâncias entre os números fornecidos pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, a Ancine, que nos solicitou esclarecimentos, e os que a Warner Bros. recebeu dos exibidores", afirma José Carlos Oliveira, diretor da Warner. "Estamos tentando obter os dados primários fornecidos à Secretaria de Cultura para avaliar onde estão as discrepâncias", diz ele.
O distribuidor Bruno Wainer, da Downtown Filmes, reclama do fato de a secretaria não lhe informar os números discriminados de público por cinema e por cidade obtido pelo filme "Garoto Cósmico", que ele distribui. De acordo com a secretaria, "Garoto Cósmico" teve 102,3 mil espectadores no "Vá ao Cinema". Wainer afirma que, em contato direto com parte dos exibidores, não conseguiu confirmar mais do que 6.000 espectadores.
"Não cabe à secretaria informar o público de cada filme em cada cinema. Isto é um assunto comercial entre as partes [distribuidor e exibidor]. Se alguém fez um negócio e ficou insatisfeito, deve resolver com a outra parte", afirma André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento da secretaria, responsável pelo programa.
Renegociar com os exibidores o pagamento por porcentagem de público e não a "preço fixo", conforme acertado anteriormente, foi o que fez a Columbia, detentora dos maiores públicos do "Vá ao Cinema" em 2008. "A Columbia se entendeu com os exibidores para repactuar o negócio", diz Rodrigo Saturnino Braga, diretor do estúdio no Brasil. "Já estamos fazendo programações para a edição deste ano, a começar pelo "Menino da Porteira" [cuja estreia está prevista para a próxima sexta-feira]", diz ele.
A Ancine prevê divulgar no próximo dia 20/3 o número consolidado de público do filme brasileiro em 2008, incluindo desta vez os dados do programa "Vá ao Cinema".


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