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Governo de SP dá ingresso para filmes
Secretaria de Cultura inicia distribuição de 2,5 milhões de bilhetes para que alunos da rede pública vejam obras brasileiras
Distribuidores dizem haver "discrepâncias" no número de 1,9 milhão de espectadores que, segundo a secretaria, o programa obteve em 2008
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Estado da
Cultura de São Paulo iniciou
ontem a distribuição gratuita
de 2,5 milhões de ingressos para filmes brasileiros, por meio
do programa "Vá ao Cinema".
Nessa etapa, serão entregues
190 mil vales a alunos da rede
pública de ensino de 19 cidades
do interior paulista. Para cada
vale trocado por um ingresso
para filme brasileiro, a secretaria paga R$ 3 ao exibidor.
A previsão do governo do Estado é que a campanha atinja ao
menos 115 cidades, incluindo a
capital, ao longo do ano.
A iniciativa ocorre em meio a
dúvidas e questionamentos de
agentes do mercado cinematográfico em relação aos resultados obtidos no ano passado pelo programa, que levou 1,9 milhão de pessoas ao cinema, segundo dados da Secretaria de
Cultura, conforme a Folha noticiou no último dia 12/1.
Após a publicação da reportagem, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) cobrou das
empresas distribuidoras o envio de dados com o total de público de seus respectivos filmes
em 2008, já que os espectadores do "Vá ao Cinema" não haviam entrado na conta que
apontava 8,7 milhões como a
soma do público dos longas nacionais no ano passado.
O 1,9 milhão de espectadores
do "Vá ao Cinema" ficou de fora da contabilidade oficial porque a maioria dos filmes participantes do programa foi negociada no modelo de aluguel a
"preço fixo", no qual o exibidor
é desobrigado de informar ao
distribuidor quantos espectadores a cópia obteve.
Na hora de refazer as contas,
apareceram os problemas. "Verificamos discrepâncias entre
os números fornecidos pela Secretaria de Cultura do Estado
de São Paulo, a Ancine, que nos
solicitou esclarecimentos, e os
que a Warner Bros. recebeu
dos exibidores", afirma José
Carlos Oliveira, diretor da
Warner. "Estamos tentando
obter os dados primários fornecidos à Secretaria de Cultura
para avaliar onde estão as discrepâncias", diz ele.
O distribuidor Bruno Wainer, da Downtown Filmes, reclama do fato de a secretaria
não lhe informar os números
discriminados de público por
cinema e por cidade obtido pelo filme "Garoto Cósmico", que
ele distribui. De acordo com a
secretaria, "Garoto Cósmico"
teve 102,3 mil espectadores no
"Vá ao Cinema". Wainer afirma
que, em contato direto com
parte dos exibidores, não conseguiu confirmar mais do que
6.000 espectadores.
"Não cabe à secretaria informar o público de cada filme em
cada cinema. Isto é um assunto
comercial entre as partes [distribuidor e exibidor]. Se alguém fez um negócio e ficou insatisfeito, deve resolver com a
outra parte", afirma André
Sturm, coordenador da Unidade de Fomento da secretaria,
responsável pelo programa.
Renegociar com os exibidores o pagamento por porcentagem de público e não a "preço
fixo", conforme acertado anteriormente, foi o que fez a Columbia, detentora dos maiores
públicos do "Vá ao Cinema" em
2008. "A Columbia se entendeu com os exibidores para repactuar o negócio", diz Rodrigo
Saturnino Braga, diretor do estúdio no Brasil. "Já estamos fazendo programações para a
edição deste ano, a começar pelo "Menino da Porteira" [cuja
estreia está prevista para a próxima sexta-feira]", diz ele.
A Ancine prevê divulgar no
próximo dia 20/3 o número
consolidado de público do filme brasileiro em 2008, incluindo desta vez os dados do
programa "Vá ao Cinema".
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