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MEMÓRIA
Está todo mundo de olho inchado na terra do desenho animado
CACO GALHARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na semana passada morreu
o pai do Guarda Belo. Alguém lembra? Se você nasceu nos
anos 60, sabe de quem estou falando. Morreu o pai do Fred
Flintstone, do Tom e do Jerry, do
Zé Colméia. Na terra do desenho
animado, estão todos de olhos inchados. Aos 90, morreu William
Hanna. O amigo do Barbera.
Nunca vamos saber se Hanna é
mesmo o pai legítimo de toda essa
turma. Muitas vezes nos grandes
estúdios os desenhistas de prancheta criam os personagens, e os
chefões levam a fama.
Não sei se é o caso, mas, no papel, o pai é o Hanna -e a mãe é o
Barbera. No dia em que decifrarem o DNA da Penélope Charmosa, a gente tira a dúvida.
A primeira vez que fui ao cinema foi para ver o festival Tom &
Jerry. É com uma lembrança dessas que percebemos como o tempo passa rápido. Sinto-me como
meu pai falando das aventuras de
Flash Gordon, ou minha mãe do
Pinduca. E, aos 33, começo a me
sentir um homem da pedra lascada, um Barney Rubble.
E, já que estou nessa de saudosismo, vou entrar de cabeça. Quer
ouvir? Não tem desenho melhor
do que "Os Flintstones"! Pode botar todos os pókemons juntos que
não dá uma piscadela do Manda
Chuva! O que é isso! Garçom, traz
já meu filé de brontossauro!
Tudo bem, calma. É claro que
tem porcaria, mas também tem
desenho bom. O pessoal que está
criando os desenhos de hoje já viu
muito Pepe Legal, e é aí que vemos a importância dos Estúdios
Hanna-Barbera. São personagens
que tiveram sua época, alguns
ainda estão na ativa e outros se
transformaram em influências.
Nada se perde, tudo se transforma. Vai saber onde Hanna foi parar? Quem sabe nas nuvens, correndo atrás do Pombo Doodle.
Caco Galhardo, 33, é cartunista, autor
da tira "Os Pescoçudos"
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