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GASTRONOMIA
PÁSCOA
Chefs de São Paulo se apegam à tradição e criam pratos à base do peixe
Bacalhau monopoliza cardápios neste feriado
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Por mais que se tente, não dá
para fugir da tradição. Para a Páscoa, os restaurantes investem naquilo que os brasileiros adoram
comer na data: o bacalhau.
Especialmente amanhã, dia em
que os cristãos jejuam (carnes bovina e suína), este peixe estará
presente no cardápio de praticamente todos os bons chefs de São
Paulo, da cozinha francesa à árabe
-e, claro, da portuguesa.
Mas a onipresença do bacalhau
não é sinônimo de mesmice. Assado, frito, inteiro ou em postas,
como entrada ou cobertura de
pizzas, não é exagero dizer que até
os paladares mais exigentes ficarão satisfeitos ao sair de casa neste
feriado.
O Le Chef Rouge (tel. 0/xx/11/
3081-7539) preparou a paella de
bacalhau. "Como esse peixe não é
uma tradição francesa, preferi fazê-lo em uma versão internacional", explica a chef Renata Braune, 38. O prato vem com arroz,
açafrão e legumes verdes. "A tradição nesta data é comer peixe, e
as pessoas ficam com a boca cheia
para saborear bacalhau", diz.
Para o português Antiquarius,
dos mais conceituados da cidade,
a Páscoa não é "problema" para
seu cardápio. Neste feriado, além
de seus diversos pratos à base de
bacalhau, o restaurante servirá receita especial: "Deixamos ele descansar por dois dias em leite. Depois, assamos por 30 minutos
com batata, cebola, alho e azeite,
com um pouco de leite. Aí é só colocar rodelas de limão e hortelã
por cima e servir", ensina Valderi
Gomes Ponte, 35, chef do Antiquarius (tel. 0/xx/11/3082-3015). A
receita é servida no restaurante há
mais de dez anos. "É o campeão
de vendas da data."
O sucesso deste peixe na Páscoa
é sentido até em mesas árabes. O
Folha de Uva (tel. 0/xx/11/3081-0989) tem em seu cardápio o bacalhau mourisco (feito com batatas e grão-de-bico em molho de
azeite, alho e cebola), sob encomenda. "É um prato da cidade de
Maghdouche, no Líbano, e foi popularizado com a invasão moura
à península Ibérica", explica o
chef e proprietário do restaurante, Samir Cauerk Moysés, 53. "É
muito comum comer bacalhau e
peixes em geral nos países árabes.
O que não é comum é as pessoas
saberem disso aqui no Brasil."
Sabe-se bem por aqui que "chove" bacalhau em Portugal, e é de lá
que Carlos Sieffert, 36, proprietário do Tambor (tel. 0/xx/11/3097-0126), tirou inspiração para sua
couvada -prato "bem rústico e
muito conhecido por lá"-, que
será preparada pela primeira vez
no restaurante.
"É uma posta alta do peixe, levemente cozida e dourada no azeite
e temperada com alho. Em Portugal, eles cozinham junto com a
verdura, mas acho melhor colocar a couve fatiada por último."
Sieffert, que também é o chef de
seu restaurante de cozinha variada, é defensor ferrenho do bacalhau neste feriado.
"É fácil encontrar esse peixe durante o ano inteiro, dá para você
mantê-lo por um bom tempo em
casa e na Páscoa ele é até mais caro. Mas é como tender e peru no
Natal: acho legal reforçar essa tradição", afirma.
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