São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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Da profusão na América a artigo de luxo

COLUNISTA DA FOLHA

Diante dos preços de um bom bacalhau, especialmente neste feriado, parece um disparate a antiga expressão que dizia: "Para quem é, bacalhau basta". Era coisa barata e farta, que podia ser dada a qualquer um.
Tempos antigos. Hoje, o bacalhau -especialmente o feito com codfish, o melhor de todos, aqui conhecido como bacalhau imperial ou do Porto- virou um item valioso e raro, ameaçado de extinção.
Quando os bascos e nórdicos frequentavam a América 500 anos antes de Colombo, para pescar e secar o codfish no nordeste americano (Nova Inglaterra, Nova Escócia) e no Canadá (Terra Nova), havia profusão do peixe. Uma enciclopédia de 1858 "profetizou" ser ele tão prolífico que "frustrará quaisquer esforços do homem para exterminá-lo". Isso foi antes de se difundir a pesca com barcos a vapor, as redes de arrasto e o congelamento (propagando o consumo do peixe fresco).
Nos Estados Unidos e Canadá a pesca hoje é proibida, enquanto se tenta repovoar a região com codfish. Na Noruega e no mar de Barents, norte da Europa, a pesca é controlada e ainda há fornecimento suficiente para a produção do bacalhau (peixe seco e salgado) dos portugueses e brasileiros, do stockfish de noruegueses e italianos (somente seco) e do "bacalao" dos espanhóis (salgado). A diferença é que virou quase artigo de luxo.
(JOSIMAR MELO)



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