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Da profusão
na América a
artigo de luxo
COLUNISTA DA FOLHA
Diante dos preços de
um bom bacalhau, especialmente neste feriado,
parece um disparate a antiga
expressão que dizia: "Para
quem é, bacalhau basta". Era
coisa barata e farta, que podia ser dada a qualquer um.
Tempos antigos. Hoje, o
bacalhau -especialmente o
feito com codfish, o melhor
de todos, aqui conhecido como bacalhau imperial ou do
Porto- virou um item valioso e raro, ameaçado de extinção.
Quando os bascos e nórdicos frequentavam a América
500 anos antes de Colombo,
para pescar e secar o codfish
no nordeste americano (Nova Inglaterra, Nova Escócia)
e no Canadá (Terra Nova),
havia profusão do peixe.
Uma enciclopédia de 1858
"profetizou" ser ele tão prolífico que "frustrará quaisquer esforços do homem para exterminá-lo". Isso foi antes de se difundir a pesca
com barcos a vapor, as redes
de arrasto e o congelamento
(propagando o consumo do
peixe fresco).
Nos Estados Unidos e Canadá a pesca hoje é proibida,
enquanto se tenta repovoar
a região com codfish. Na Noruega e no mar de Barents,
norte da Europa, a pesca é
controlada e ainda há fornecimento suficiente para a
produção do bacalhau (peixe seco e salgado) dos portugueses e brasileiros, do
stockfish de noruegueses e
italianos (somente seco) e do
"bacalao" dos espanhóis
(salgado). A diferença é que
virou quase artigo de luxo.
(JOSIMAR MELO)
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