São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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FILMES DE HOJE

TV PAGA

A verdade do teatro só pode estar no teatro

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se existe um filme que falta entre nós, é "O Rei da Vela", versão para cinema da peça de Oswald de Andrade que o Teatro Oficina encenou nos anos 60.
Sabe-se que o teatro brasileiro, em linhas gerais, mudou a partir dessa montagem. Mas, com exceção dos mais velhos, ninguém sabe como mudou, por que ele mudou, ou se realmente mudou (pois, à vista do que anunciam as montagens atuais, parece que a palavra mudança não é a mais apropriada ao caso). Ouvem-se, aqui e ali, argumentos que justificam o ineditismo do filme: teria horas e horas de duração e, sobretudo, seria não um filme, mas uma peça de teatro filmada.
Seria justo que esse filme desde já mítico tivesse ao menos a chance de mostrar-se, por poucos dias que fosse, numa sala pequena. De todo modo, ao menos uma dessas alegações não se sustenta: a de que seria teatro filmado.
Temos com "Henrique 5º", versão de Kenneth Branagh, um caso típico de teatro tornado cinema, o que nos leva a uma obra que ambiciona preservar o prestígio de um texto célebre e acrescentar-lhe a mobilidade do cinema, mas acaba chegando a um resultado estranho: um tanto imóvel como cinema e agitado demais para que concentremos a atenção no texto.
Há, certamente, casos mais felizes de aproximação entre cinema e teatro (mas não passam hoje). No entanto, a idéia de que uma obra teatral deva ser obrigatoriamente adaptada para chegar aos cinemas não se agüenta.
Se "O Rei da Vela" trouxesse ao espectador de hoje apenas a montagem de "O Rei da Vela", já seria uma documentação preciosa sobre um momento importante da arte brasileira. E, se Zé Celso tem público para ver peças de cinco horas, por que não haveria de ter para um filme também longo?


HENRIQUE 5º. Quando: hoje, às 22h, no Eurochannel.

TV ABERTA

Porquinho Babe encara a cidade em seu 2º filme

Babe - O Porquinho Atrapalhado na Cidade
Globo, 13h05.
(Babe: Pig in the City). EUA, 1998, 97 min. Direção: George Miller. Com James Cromwell, Magda Szubanski. "Babe, o Porquinho Atrapalhado" (1995) era um primor. Aqui, como em quase todas as continuações, a coisa não anda tão bem. Ele vai à cidade com mrs. Hoggett. Já se pediu a Babe que se comportasse como cão. Agora, pede-se, praticamente, que vire gente. Ele sofre.
O Homem do Sputnik
Cultura, 15h30.
Brasil, 1959, 98 min. Direção: Carlos Manga. Com Oscarito, Norma Bengell. No quintal de Oscarito cai um estranho objeto, semelhante ao outrora célebre Sputnik. Aí começa a aventura, que terá como ponto alto a célebre aparição de Norma Bengell fazendo um tipo Brigitte Bardot. P&B, Boa chanchada.
Fugindo da Morte
Bandeirantes, 20h30.
(Nowhere to Hide). EUA, 1994. Direção: Bobby Roth. Com Rosanna Arquette, Max Pomerane. Depois que se divorcia, mulher sofre atentado. Aí descobre que o ex tinha conexões no submundo criminal e que os mafiosos acham que ela detém segredos e pode entregá-los à polícia. Ela decide abrir o bico.
Mister Roberts
Bandeirantes, 23h30.
(Mister Roberts). EUA, 1955, 123 min. Direção: John Ford e Mervin LeRoy. Com Henry Fonda, James Cagney. Fonda é o tenente que tenta trocar seu cargueiro por um navio de guerra de verdade. Mas o capitão do navio de guerra se recusa a aceitar sua transferência. Legendado.
Desde que Nós Partimos
Globo, 0h45.
(Since You've Been Gone). EUA, 1998. Direção: David Schwimmer. Com Teri Hatcher, David Schwimmer, Lara Flynn Boyle. Reencontro de amigos de colégio que há muito não se vêem e conhecem os destinos diversos e os problemas dos velhos amigos. Feito para TV.
Maxie
Globo, 2h25.
(Maxie). EUA, 1985, 94 min. Direção: Paul Aaron. Com Glenn Close, Mandy Patinkin, Ruth Gordon. Secretária conservadora incorpora o espírito de uma atrevida atriz dos anos 20, com conseqüências desastrosas para sua existência. Ponto de partida OK e comédia descartável. (IA)


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