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Carismático filma em maio seu novo longa, que mostra divergência entre judeus e cristãos
Padre Marcelo reencarna no cinema
O religioso fará também série de 53 episódios para a TV; Thiago Lacerda viverá são Paulo em "Irmãos de Fé"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez esta seja a primeira vez
que você lê sobre "Irmãos de Fé",
o novo longa-metragem de padre
Marcelo Rossi. E pode se preparar
porque não será a última.
Ele não tem todos os malabarismos marqueteiros de "A Paixão
de Cristo", de Mel Gibson, claro,
mas reúne ingredientes suficientes para uma polêmica tupiniquim. A produção, que estréia em
setembro, contará a vida do apóstolo Paulo de Tarso, judeu convertido ao cristianismo. E mostrará cenas em que é perseguido pelo
judaísmo por ter distanciado a fé
cristã dos costumes judaicos.
Padre Marcelo, em entrevista à
Folha, diz que o filme não será anti-semita, mas mostrará "o que
ocorreu e está na palavra de
Deus". "Paulo [quando era judeu]
perseguiu os cristãos. Vocês vão
ver as coisas absurdas que ele fez.
Mas, depois que conhece Jesus,
sua vida é transformada. Ele foi
açoitado, apedrejado pelos judeus
e por povos pagãos, inclusive pelos próprios romanos."
Rossi também nega que o roteiro tenha sido escolhido para polemizar. "Mel Gibson [acusado de
anti-semitismo] queria polêmica,
eu quero transformar corações."
O carismático afirma não ter assistido ainda à "Paixão de Cristo".
"Mas meus amigos viram e não
acharam nada anti-semita."
"Irmãos de Fé" será o segundo
filme com sua "grife". O primeiro,
"Maria - Mãe do Filho de Deus",
obteve a sétima maior bilheteria
do cinema nacional desde 1995.
"Foi uma bênção", diz o padre.
Seu novo longa poderá captar
R$ 6,6 milhões para a produção
por meio de leis de incentivo fiscal. O orçamento pode ser até
maior, principalmente se for acertada uma viagem do elenco para
filmar em Jerusalém (Israel).
A produção e a direção serão as
mesmas de "Maria": Diler Trindade e Moacyr Góes, respectivamente. Segundo o diretor, que
também participou do roteiro, a
escolha do tema foi feita antes da
controvérsia de Mel Gibson. "Espero que meu filme não seja assim
polêmico. É sobre fé e tolerância."
O papel de Paulo deverá ficar
com Thiago Lacerda, a quem o
padre chama de "um grande
ator". Othon Bastos será o apóstolo Pedro, e José Dumont interpretará Tiago, irmão de Jesus. Padre
Marcelo reencarnará ele mesmo
numa história atual e paralela à
bíblica. Ele converterá o garoto
Paulo, interno da Febem, assim
como Jesus fez com o apóstolo
Paulo. "Prometi ao governador
Mário Covas sempre acompanhar a Febem", diz Marcelo Rossi.
O carismático se prepara também para gravar 53 episódios de
uma série de TV, sobre temas bíblicos, com a mesma dupla de
produção e direção. "Contaremos
a história de personagens da Bíblia. Eu não atuo, mas apareço como narrador. A intenção é vender
a TVs do mundo todo", diz. Ele
deverá dublar sua voz em espanhol, em "Maria", para lançá-lo
na Espanha e no México. Leia o
que falou à Folha sobre "Irmãos":
Folha - Não vai ser polêmico abordar em "Irmãos de Fé" a divergência entre judeus e cristãos?
Marcelo Rossi - Vários amigos
que viram o filme do Mel Gibson
falaram que não tem nada de anti-semita. Tem o exagero da violência nua e crua. Meu filme não tem
nada contra judeus. O rabino
Henry Sobel é um grande amigo.
Vamos mostrar a perseguição que
está na palavra de Deus. Não queremos criar nenhuma polêmica.
Folha - O sr. não teme que os judeus se sintam ofendidos, como
ocorreu com "A Paixão de Cristo"?
Rossi - A idéia central é mostrar
que ainda é possível ter esperança
nos jovens, como tocar o coração
do garoto Paulo, da Febem, assim
como a palavra de Deus transformou a vida do apóstolo Paulo.
Folha - E se os judeus acharem
que é anti-semita? Está preparado?
Rossi - Não vão achar. Tudo depende de como é colocado. O povo cristão era muito fechado, e
Paulo foi além, disse que todos tinham direito. Justo ele, que chegou a matar e a perseguir em nome do judaísmo. Se isso for causa
de polêmica, não tem como. É o
que está na palavra de Deus. Minha idéia não é levantar polêmica,
como foi a de Mel Gibson. Quero
transformar corações.
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