|
Texto Anterior | Índice
Proximidade constrange e gera intimidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 50 pessoas, um piano e
Eduardo Dussek no ambiente minúsculo, mas ampliado
por espelhos que multiplicam Dusseks aqui, ali, acolá.
Dussek em si desafia o
constrangimento da proximidade e se multiplica em
cantor de vozeirão, compositor das baladas densas,
cantor de cabaré, entertainer, humorista, administrador do constrangimento.
Modo fácil de fazer relaxar
é apelar a piadas cunhadas
em preconceitos (contra negros, japoneses, cantores de
cabaré). Ele vai fundo.
Estende a saraivada aos ricos. Faz os presentes latirem
o "Rock da Cachorra" (82)
-eles latem, entre satisfeitos e constrangidos. Explica
a uma espectadora que "não
existe mulher feia, existe
mulher pobre -e você não é
pobre". Ela se diverte.
Pede dinheiro, de piada.
Um espectador afoito lhe dá
R$ 2. Dussek perde o rebolado, só por um segundo.
Anuncia o momento mais
esperado do espetáculo: o final. Esculhambando-se,
agradece pelos risos e constrangimentos que provocou.
Os espelhos refletem dusseks em cada espectador.
(PAS)
Texto Anterior: O ceu é o limite Índice
|