São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Proximidade constrange e gera intimidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Há 50 pessoas, um piano e Eduardo Dussek no ambiente minúsculo, mas ampliado por espelhos que multiplicam Dusseks aqui, ali, acolá.
Dussek em si desafia o constrangimento da proximidade e se multiplica em cantor de vozeirão, compositor das baladas densas, cantor de cabaré, entertainer, humorista, administrador do constrangimento.
Modo fácil de fazer relaxar é apelar a piadas cunhadas em preconceitos (contra negros, japoneses, cantores de cabaré). Ele vai fundo.
Estende a saraivada aos ricos. Faz os presentes latirem o "Rock da Cachorra" (82) -eles latem, entre satisfeitos e constrangidos. Explica a uma espectadora que "não existe mulher feia, existe mulher pobre -e você não é pobre". Ela se diverte.
Pede dinheiro, de piada. Um espectador afoito lhe dá R$ 2. Dussek perde o rebolado, só por um segundo.
Anuncia o momento mais esperado do espetáculo: o final. Esculhambando-se, agradece pelos risos e constrangimentos que provocou. Os espelhos refletem dusseks em cada espectador.
(PAS)


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