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crítica
Filme discute os limites do documentário
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Quando entra em
uma sala de cinema para ver um
documentário, você, caro
espectador, assina um
contrato com o diretor do
filme. É um acordo informal: o cineasta te contará
histórias, e você acreditará
que aquilo é real, fruto de
investigação que envolveu
entrevistas e muita pesquisa. Se esse elo de confiança é quebrado, o documentário perde sentido.
A grande pergunta que
"Fabricando Polêmica"
propõe é: será mesmo tudo verdade? Ao levantar as
falcatruas de Michael Moore, os diretores Debbie Melnyk e Rick Caine,
no fundo, discutem os limites da ética no documentário e se é lícito forçá-los por uma bandeira.
A dupla prova que Moore omitiu fatos, distorceu
informações e criou
meias-verdades para tornar seus filmes mais bombásticos e atraentes -fórmula que cativou a mídia
e, por tabela, o público.
Com entrevistas, muita
pesquisa e uma mentira
aqui, outra ali, o diretor
ajudou a fomentar na sociedade o debate de temas
que mereciam reflexão,
como a ação da indústria
armamentista americana
("Tiros em Columbine",
2002) e a Guerra ao Terror
de Bush ("Fahrenheit 11
de Setembro", 2004).
Mas a defesa de "causas
nobres" não torna aceitáveis as manipulações de
Michael Moore, e "Fabricando Polêmica" deixa isso bem claro ao apresentar
a maior fraude do diretor:
a omissão das entrevistas
com o presidente da GM
em "Roger e Eu" (1989).
"Fabricando Polêmica"
adota um tom negativo em
relação a Moore desde o
início, quando sobrepõe
depoimentos contra o diretor. É a única fraqueza
do filme, pois joga a platéia
de imediato contra o cineasta, algo que a comprovação das fraudes de Moore já faria naturalmente.
FABRICANDO POLÊMICA - DESMASCARANDO MICHAEL MOORE
Direção: Debbie Melnyk e Rick Caine
Quando: hoje, às 18h, no CCBB
(Rio); amanhã, às 19h, no Cinesesc (São Paulo)
Avaliação: bom
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