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Crítica
Herzog leva seu visionário à Amazônia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Com "Fitzcarraldo" (Telecine Cult, 22h) estamos na agonia do chamado "novo cinema
alemão". 1982 é o ano do filme.
É também o ano em que R.W.
Fassbinder assina seu último
filme, "Querelle".
E em que Wim Wenders inicia efetivamente, com "Hammett", sua aventura americana
(da qual, a rigor, nunca mais se
recomporia).
Em "Fitzcarraldo", Herzog
trata, como de costume, de um
visionário, um alemão que está
disposto a levar a grande ópera
aos confins da Amazônia. O visionário em questão é Klaus
Kinski, o que já é meio caminho andado.
E, se o filme tem o defeito de
lembrar excessivamente o
"Aguirre", do próprio Herzog,
traz algumas cenas que podem
ser consideradas antológicas,
como aquela em que o navio é
carregado em terra.
Talvez o cinema dilacerado
desses mestres dos anos 70,
afrouxando a partir dos 80,
anunciasse a necessidade do
encontro, então inconcebível,
das duas Alemanhas.
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