São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Ney volta ousado e pop em CD e show

Provocativo em cena, ele interpreta jovens autores em "Inclassificáveis"

Cantor reestréia espetáculo em São Paulo após gravar em estúdio o repertório testado ao vivo durante dois meses, no ano passado

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que mero título de uma canção, "Inclassificáveis", nome do CD que Ney Matogrosso está lançando e do show que reestréia hoje no Citibank Hall, é uma profissão de fé.
Aos 66 anos e 35 de carreira, vindo do recital "Canto em Qualquer Canto" e tendo feito nesta década projetos dedicados a Carmen Miranda e Cartola, ele reacende sua chama pop com figurinos (de Ocimar Versolato) e coreografias ousadas em cena e músicas de jovens autores no repertório, como Iara Rennó, Dan Nakagawa, Pedro Luís e Marcelo Camelo.
"Todas as vezes em que eu me voltei para isso [novos nomes], eu encontrei", diz o cantor, não enxergando qualquer crise de renovação entre os compositores.
Ney também dispensou o caminho mais fácil para realizar "Inclassificáveis". Em vez de gravar um disco, cair na estrada e fazer um "ao vivo", ele estreou o show em outubro passado (no mesmo Citibank Hall), entrou dois meses depois em estúdio e, em janeiro, gravou no Canecão, no Rio, o DVD -previsto para sair no fim de abril.
"Quis ser contra essa moda de tudo ser ao vivo. Preferi fazer o disco no estúdio para me dedicar mais a ele. E, depois de muito tempo, já entendi que estúdio é bastante diferente de palco. É preciso procurar o comedimento, enquanto no show eu sou mais teatral", avalia.
Sendo assim, embora banda e arranjos sejam os mesmos, o Ney do CD é mais suave do que o artista performático e provocativo do palco, no qual fica praticamente nu. Mas ele não vê ligação entre seu atual momento e o início da carreira, no Secos & Molhados, como tem sido aventado, talvez em função de seu reencontro com o tecladista Emilio Carreira, que tocava com o grupo.
"O Secos & Molhados continua sendo para mim o que foi na época: muito importante, uma revolução naquele contexto do Brasil", diz Ney.
O primeiro LP do grupo está ganhando mais uma edição em CD (pela Warner) para marcar os 35 anos de seu lançamento.
Mas a caixa "Camaleão", que reunirá 18 discos feitos por Ney nos anos 70 e 80 -incluindo faixas inéditas e um compacto com Fagner- só deverá sair no segundo semestre, segundo a gravadora Universal.

Política
No novo CD, Ney vê uma espinha dorsal formada por "O Tempo Não Pára" (Cazuza/Arnaldo Brandão), "Mal Necessário" (Mauro Kwitko), "Coisas da Vida" (Alzira Espíndola/Itamar Assumpção), "Ode aos Ratos" (Edu Lobo/Chico Buarque), "Inclassificáveis" (Arnaldo Antunes) e "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso/Gilberto Gil), músicas que, de alguma forma, tocam em temas sociopolíticos.
"Não estou fazendo protesto, mas é uma visão crítica sobre o Brasil, sobre nós mesmos", diz.


NEY MATOGROSSO - INCLASSIFICÁVEIS
Quando:
de hoje a 5/4 (qui., às 21h30; sex. e sáb., às 22h; dom., às 20h)
Onde: Citibank Hall (Al. dos Jamaris, 213, Moema, 0/xx/11/6846-6040)
Quanto: de R$ 50 a R$ 120


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