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Ney volta ousado e pop em CD e show
Provocativo em cena, ele interpreta jovens autores em "Inclassificáveis"
Cantor reestréia espetáculo em São Paulo após gravar em estúdio o repertório testado ao vivo durante dois meses, no ano passado
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que mero título de
uma canção, "Inclassificáveis",
nome do CD que Ney Matogrosso está lançando e do show
que reestréia hoje no Citibank
Hall, é uma profissão de fé.
Aos 66 anos e 35 de carreira,
vindo do recital "Canto em
Qualquer Canto" e tendo feito
nesta década projetos dedicados a Carmen Miranda e Cartola, ele reacende sua chama pop
com figurinos (de Ocimar Versolato) e coreografias ousadas
em cena e músicas de jovens
autores no repertório, como Iara Rennó, Dan Nakagawa, Pedro Luís e Marcelo Camelo.
"Todas as vezes em que eu
me voltei para isso [novos nomes], eu encontrei", diz o cantor, não enxergando qualquer
crise de renovação entre os
compositores.
Ney também dispensou o caminho mais fácil para realizar
"Inclassificáveis". Em vez de
gravar um disco, cair na estrada
e fazer um "ao vivo", ele estreou
o show em outubro passado (no
mesmo Citibank Hall), entrou
dois meses depois em estúdio e,
em janeiro, gravou no Canecão,
no Rio, o DVD -previsto para
sair no fim de abril.
"Quis ser contra essa moda
de tudo ser ao vivo. Preferi fazer o disco no estúdio para me
dedicar mais a ele. E, depois de
muito tempo, já entendi que estúdio é bastante diferente de
palco. É preciso procurar o comedimento, enquanto no show
eu sou mais teatral", avalia.
Sendo assim, embora banda e
arranjos sejam os mesmos, o
Ney do CD é mais suave do que
o artista performático e provocativo do palco, no qual fica
praticamente nu. Mas ele não
vê ligação entre seu atual momento e o início da carreira, no
Secos & Molhados, como tem
sido aventado, talvez em função de seu reencontro com o tecladista Emilio Carreira, que
tocava com o grupo.
"O Secos & Molhados continua sendo para mim o que foi
na época: muito importante,
uma revolução naquele contexto do Brasil", diz Ney.
O primeiro LP do grupo está
ganhando mais uma edição em
CD (pela Warner) para marcar
os 35 anos de seu lançamento.
Mas a caixa "Camaleão", que
reunirá 18 discos feitos por Ney
nos anos 70 e 80 -incluindo
faixas inéditas e um compacto
com Fagner- só deverá sair no
segundo semestre, segundo a
gravadora Universal.
Política
No novo CD, Ney vê uma espinha dorsal formada por "O
Tempo Não Pára" (Cazuza/Arnaldo Brandão), "Mal Necessário" (Mauro Kwitko), "Coisas
da Vida" (Alzira Espíndola/Itamar Assumpção), "Ode aos Ratos" (Edu Lobo/Chico Buarque), "Inclassificáveis" (Arnaldo Antunes) e "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso/Gilberto Gil), músicas que, de alguma forma, tocam em temas
sociopolíticos.
"Não estou fazendo protesto,
mas é uma visão crítica sobre o
Brasil, sobre nós mesmos", diz.
NEY MATOGROSSO - INCLASSIFICÁVEIS
Quando: de hoje a 5/4 (qui., às
21h30; sex. e sáb., às 22h; dom., às
20h)
Onde: Citibank Hall (Al. dos Jamaris, 213, Moema, 0/xx/11/6846-6040)
Quanto: de R$ 50 a R$ 120
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