São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Crítica

Só se vê o que se deseja em "Os Infiltrados"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Numa daquelas suas tiradas cortantes, Nelson Rodrigues disse que "o videotape é burro". Não tenho certeza de que a frase tenha sido entendida por todos em toda sua extensão. Com freqüência é vista apenas como blague inconseqüente (se é que isso existe).
Quanto à burrice do videotape, ela pode ser comprovada nas transmissões esportivas e depois nas mesas-redondas, naquelas discussões sem fim que levam, sempre, à conclusão de que não houve nem jogo, pois o único sujeito a decidir o resultado foi o juiz.
Os ângulos se sucedem: de frente, de lado, de cima, de perto, de longe. Quanto mais detalhada a imagem, mais duvidosa ela se torna. Porque a imagem, em resumo, mente. É pior que burra: se vende como fonte confiável, quando não o é.
Digo isso porque, se tivessem videotape, os protagonistas de "Os Infiltrados" (HBO Plus, 22h30) veriam a falsidade de seus parceiros. Mas não a veriam: como no filme, só se vê o que queremos ver. Todo o resto escapa.


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