São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

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Em ficção do ator, teatro começa a acabar em 2012

DO RIO

Uma das pérolas do acervo de Paulo Autran é um texto de ficção escrito pelo ator, no qual ele imagina como seria o mundo em 2091. O manuscrito, de três páginas, é uma crítica ao multiculturalismo e à ideia de que não há hierarquia entre as culturas.
De acordo com o texto, essa ideia acabou levando a sociedade a um processo generalizado de relativização e fez com que as pessoas passassem a desacreditar no valor da leitura, do teatro e, por fim, do próprio raciocínio.
O narrador conta que tudo começa em 2012, na Universidade de Duke (Califórnia), quando compreendeu-se que "o que era chamado de cultura até então, os valores, a moral, não eram senão uma ideologia imposta pelos senhores de antigamente às minorias oprimidas".
A ideia se disseminou pelo mundo, provocando uma "libertação cultural" de todos e de tudo. Cada indivíduo passou a determinar sozinho sua própria cultura.
A primeira consequência foi a desobediência geral à leitura, culminando na queima universal das bibliotecas, em 2030.
No mesmo ano, o teatro é abolido. Em seu lugar, surgem espetáculos eletrônicos universais, com só uma projeção de cor.
"É com orgulho que afirmo que a morte do teatro em 2030 foi um benefício para a humanidade, pois a partir dela fomos libertados da obrigação de pensar", diz o texto.
(MB)


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