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Berta "reestréia" como Nise
da Reportagem Local
As coincidências perseguem
Berta Zemel em sua "reestréia",
25 anos depois da última atuação
profissional em "A Volta do Messias", de Timochenco Wehbi. Em
1956, ela estreou com Sérgio Cardoso em "Hamlet", no então teatro Bela Vista, hoje rebatizado
teatro Sérgio Cardoso, onde logo
mais à noite estréia (para convidados) o monólogo "Anjo Duro",
na sala Paschoal Carlos Magno.
No Festival de Teatro de Curitiba, no mês passado, ela encenou a
peça pela primeira vez ocupando
o teatro Paiol, em formato de arena (com a platéia em círculo),
mesmo palco onde Rubens Corrêa (1931-1996) interpretou o monólogo "Artaud", em meados da
década, num dos melhores momentos da história do festival.
O monólogo, com o qual o ator
marcou seus últimos dez anos de
carreira, fora indicado por Nise
da Silveira (1905-1999), a psiquiatra alagoana que revolucionou os
métodos de tratamento para pessoas portadoras de deficiência
mental. Ela tinha o pesquisador
francês Antonin Artaud (1896-1948) como referência.
Corrêa, Artaud e Nise, sobretudo esta, são representados em cena por Berta Zemel, no fluxo real-imaginário do texto de Luiz Valcazaras, também diretor.
A dupla trabalha na criação do
espetáculo há dois anos. De Curitiba para São Paulo, pouca coisa
mudou. "Haverá mudanças apenas na adaptação para uma boca
de cena (frente do palco) mais
aberta", explica Berta, 65.
Valcazaras, 38, acrescentou ainda novos elementos à cenografia,
também criada por ele. A atriz vai
dividir o espaço cênico com 14 cavaletes e sete quadros com reproduções de pinturas, algumas realizadas pelos próprios pacientes
da psiquiatra Nise da Silveira
-que viu nas artes plásticas uma
fonte inestimável para reabilitação/reintegração de homens e
mulheres que sofrem de esquizofrenia. "Anjo Duro" encerra trilogia da loucura por Valcazaras,
que escreveu e dirigiu "Closed"
(97) e "Um Pequeno Assovio"
(98).
(VS)
Peça: Anjo Duro
Autor e diretor: Luiz Valcazaras
Com: Berta Zemel
Quando: estréia hoje, às 21h, para convidados; amanhã, às 21h, para o
público; sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h
Onde: teatro Sérgio Cardoso - sala Paschoal Carlos Magno (r. Rui Barbosa,
153, Bela Vista, tel. 0/xx/11/288-0136)
Quanto: R$ 15
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