São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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Casas e festas atravessam modismos e já viram "tradição" na noite de SP

Baladas clássicas

Sidinei Lopes/Folha Imagem
O DJ Betão, em noite do Blen Blen, que se aproxima de completar dez anos


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Como em toda grande cidade, a noite de São Paulo é efêmera. O que é moda hoje amanhã já era.
Os exemplos são inúmeros: quem se lembra de Jive, Xingu, ampgalaxy, Susi in Transe? Todos foram clubes que tiveram seus dias de glória e hoje são lenda. Nesse cenário, quem dura mais de três anos vira clássico.
Esse é o caso de seis casas noturnas cujas festas rondam uma década de existência. Algumas sobreviveram até ao fechamento da casa que as abrigava, como a Debut!!!, uma das mais divertidas da cidade.
Criação dos DJs Bispo e Adriano Costa, a Debut!!! estreou em 1998 no bar A Torre do Dr. Zero, na Vila Madalena. Quando o espaço fechou, em 2001, a festa passou para o boteco ao lado e ficou lá dois anos, até que o antigo prédio reabriu, como A Torre, e ela voltou a ocupar as quintas-feiras .
"Houve uma fase meio repetitiva, quando estava no outro bar", lembra Jeff de Souza, 35, freqüentador da Debut!!! desde 98. Souza, que continua indo à festa mesmo morando no Rio, diz que o que o atrai é o som "experimental".
Só mesmo a variedade sonora da Debut!!!, onde dá para dançar horas tentando adivinhar o que diabos o DJ está tocando, explica o sucesso da noite. Porque A Torre, mesmo depois reformada, continua igual aos tempos de Dr. Zero: o banheiro é sujo, sempre com filas, a pistinha é apertada, a escada estreita e enfumaçada. Até os seguranças são os mesmos.
Nada disso inibe a ferveção do público, que começa a chegar às 2h e só esvazia a casa depois das 6h. "Mudou a galera, mas, no fundo, continua tudo a mesma pombagira. Quando você vê, já são sete horas da manhã!", diz Kleber Matheus, 26, cinco de Debut!!!.
Além de fãs das antigas, a festa atrai jovenzinhas, como as primas Julia e Rita Retz, 18, que tinham dez anos quando a Debut!!! começou. "Curto esse lugar, meio underground, com um pessoal alternativo", explica Julia.
Se elas estariam lá daqui a sete anos? "Não sei se viria por tanto tempo", fala Julia. "Intercalando com outras baladas, acho que dá para agüentar", completa Rita.

Matinê
No quesito animação, o projeto Grind, do clube ALôca, não perde em nada para A Torre. Inaugurado em 1998 por André Pomba, a festa tinha a intenção de ser uma domingueira rock para o público gay. Hoje, começa às 19h e só termina na segunda-feira. Sempre lotada. De todo tipo de gente.
Por lá, passaram dezenas de famosos, conta a drag queen e hostess Michael Love. "Tipo a Tonia Carrero. O que mais marcou foi o Evan Dando [do Lemonheads]. Quase morri quando o vi aqui."


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