São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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CDS

POP ROCK

Novo disco prioriza baladas românticas e leves sobre pegada roqueira

Nando Reis canta tonalidades do amor em "Sim e Não"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A última música do novo CD de Nando Reis e sua banda Os Infernais é uma valsinha que se resume a um verso em italiano, repetido várias vezes: "Ti amo". É como se, para fechar, o (cada vez mais) ex-titã procurasse sintetizar ao máximo o assunto que é praticamente o único de "Sim e Não": o amor.
Após o surpreendente sucesso de seu "MTV ao Vivo", que vendeu 170 mil cópias ("nunca havia vendido tanto"), Reis, 43, volta a um disco de estúdio, todo de inéditas, reforçando sua aposta nas baladas românticas, em histórias leves, nas quais a felicidade é fato, reminiscência ou possibilidade.
"Gosto de música que embala os corações. A importância que a música tem na minha vida é estar sozinho e ouvir alguma coisa que me conforte, me enterneça. Provavelmente, eu repita esse processo ao fazer canções que surgem dessas situações", avalia.
Pelo menos seis das 12 faixas cabem no rótulo "balada", superando os quatro rocks. Para Reis, é possível "simplificar como se fossem gêneros repetidos", mas há sutilezas dissociando as músicas, e o todo de "Sim e Não" o diferencia dos discos anteriores.
"Esse [CD] é bem melhor, menos monotonal. "A Letra A" [de 2003] era mais cinza, melancólico. O novo é muito mais colorido."
Em "Sim e Não", a letra A é de amor e de autobiografia. Todas as músicas são na primeira pessoa e nasceram de experiências vividas.
Esse aspecto fica claro em "N" ("Nossos nomes que têm o N como um elo"), canção de saudade pouco inventiva no som e nos versos. E também nas eficientemente roqueiras "Santa Maria" ("E assim foi que Santa Maria nos conheceu/ Eu no palco e os passos seus") e "Caneco 70" ("Tudo começou em Goiânia/ Depois de um beijo em Lauro de Freitas"), relatos de histórias vividas em turnês.
Mas o rock tem aparecido menos na obra de Reis. Ele, que sempre fez música no violão e se aproximou mais do instrumento nos anos 90, ao se tornar parceiro de Marisa Monte, diz que começou a se sentir deslocado nos Titãs -que deixou em 2002- por causa dessa característica.
"O que marcou a minha incomunicabilidade com os Titãs foi o tipo de música que eu fazia, que não se prestava muito à sonoridade da banda. Naquele momento [início dos anos 90], a última coisa que eles queriam era um som acústico", lembra ele, que ficou mais à vontade com o "Acústico" (1997), mas sem conseguir inserir o amor no repertório da banda. "Não era aversão, mas não cabia."
Em "Sim e Não", o amor está mais feliz em melodias como as de "Como Se o Mar" e "Nos Seus Olhos" do que em letras. A síntese de "Sou Dela" ("Porque eu estou com ela/ Sou dela/ Sem ela/ Não sou"), o erotismo de "Monóico" ("Use sua boca, me faça seu fio dental") e a fórmula de versejar de "Para Luzir o Dia" ("Casa pra morar/ Boca pra beijar/ Chão para pisar/ Cama") animam pouco. Já "Espatódea", feita para a filha Zoe, comove pela delicadeza.
"Sim e Não" tem o desafio de manter Reis na crista do sucesso, aonde chegou com "Por Onde Andei". "Finalmente, ouço, dez anos após "Me Diga", um hit na minha voz. Confesso que isso me incomodava", assume ele, autor muitas vezes oculto pelas vozes de Marisa, Cássia Eller e outros.


Sim e Não
   
Artista: Nando Reis
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média


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