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CDS
POP ROCK
Novo disco prioriza baladas românticas e leves sobre pegada roqueira
Nando Reis canta tonalidades do amor em "Sim e Não"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A última música do novo
CD de Nando Reis e sua banda Os Infernais é uma valsinha
que se resume a um verso em italiano, repetido várias vezes: "Ti
amo". É como se, para fechar, o
(cada vez mais) ex-titã procurasse
sintetizar ao máximo o assunto
que é praticamente o único de
"Sim e Não": o amor.
Após o surpreendente sucesso
de seu "MTV ao Vivo", que vendeu 170 mil cópias ("nunca havia
vendido tanto"), Reis, 43, volta a
um disco de estúdio, todo de inéditas, reforçando sua aposta nas
baladas românticas, em histórias
leves, nas quais a felicidade é fato,
reminiscência ou possibilidade.
"Gosto de música que embala
os corações. A importância que a
música tem na minha vida é estar
sozinho e ouvir alguma coisa que
me conforte, me enterneça. Provavelmente, eu repita esse processo ao fazer canções que surgem
dessas situações", avalia.
Pelo menos seis das 12 faixas cabem no rótulo "balada", superando os quatro rocks. Para Reis, é
possível "simplificar como se fossem gêneros repetidos", mas há
sutilezas dissociando as músicas,
e o todo de "Sim e Não" o diferencia dos discos anteriores.
"Esse [CD] é bem melhor, menos monotonal. "A Letra A" [de
2003] era mais cinza, melancólico.
O novo é muito mais colorido."
Em "Sim e Não", a letra A é de
amor e de autobiografia. Todas as
músicas são na primeira pessoa e
nasceram de experiências vividas.
Esse aspecto fica claro em "N"
("Nossos nomes que têm o N como um elo"), canção de saudade
pouco inventiva no som e nos versos. E também nas eficientemente
roqueiras "Santa Maria" ("E assim foi que Santa Maria nos conheceu/ Eu no palco e os passos
seus") e "Caneco 70" ("Tudo começou em Goiânia/ Depois de um
beijo em Lauro de Freitas"), relatos de histórias vividas em turnês.
Mas o rock tem aparecido menos na obra de Reis. Ele, que sempre fez música no violão e se aproximou mais do instrumento nos
anos 90, ao se tornar parceiro de
Marisa Monte, diz que começou a
se sentir deslocado nos Titãs
-que deixou em 2002- por
causa dessa característica.
"O que marcou a minha incomunicabilidade com os Titãs foi o
tipo de música que eu fazia, que
não se prestava muito à sonoridade da banda. Naquele momento
[início dos anos 90], a última coisa que eles queriam era um som
acústico", lembra ele, que ficou
mais à vontade com o "Acústico"
(1997), mas sem conseguir inserir
o amor no repertório da banda.
"Não era aversão, mas não cabia."
Em "Sim e Não", o amor está
mais feliz em melodias como as
de "Como Se o Mar" e "Nos Seus
Olhos" do que em letras. A síntese
de "Sou Dela" ("Porque eu estou
com ela/ Sou dela/ Sem ela/ Não
sou"), o erotismo de "Monóico"
("Use sua boca, me faça seu fio
dental") e a fórmula de versejar de
"Para Luzir o Dia" ("Casa pra morar/ Boca pra beijar/ Chão para pisar/ Cama") animam pouco. Já
"Espatódea", feita para a filha
Zoe, comove pela delicadeza.
"Sim e Não" tem o desafio de
manter Reis na crista do sucesso,
aonde chegou com "Por Onde
Andei". "Finalmente, ouço, dez
anos após "Me Diga", um hit na
minha voz. Confesso que isso me
incomodava", assume ele, autor
muitas vezes oculto pelas vozes de
Marisa, Cássia Eller e outros.
Sim e Não
Artista: Nando Reis
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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