São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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Cores sobre a cidade

Depois de passar dois anos pintando casas e muros de Lençóis, no interior da Bahia, artista paulista lança livro e filme com o registro do trabalho

Sonia Onate/Divulgação
Casa com pintura de Doitschinoff em Lençóis, pequeno município no interior da Bahia

FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Viraram Jesus de ponta-cabeça. É obra do capeta, disseram uns. Não, é obra do "menino pintor", retrucaram outros. O apelido é do artista paulista Stephan Doitschinoff, dado pelos habitantes de Lençóis, município baiano de 10 mil habitantes, a 415 km de Salvador, onde morou por dois anos, pintando casas, muros, lápides e até uma capela.
Mas não durou muito o Jesus pintado por Doitschinoff, numa cruz no alto de um morro. Primeiro arrancaram um pedaço da madeira, depois caiaram. Era apenas seu terceiro mês na cidade, destino de quem vai à Chapada Diamantina. Mas ele não desistiu. Diz que, apesar de seus desenhos de caveiras e igrejas, os moradores pediam para ele pintar suas casas.
"Mesmo se eu estivesse pintando só de branco, as pessoas iam gostar", diz Doitschinoff, 32, de volta a São Paulo desde dezembro. "O lugar é carente de tudo, não tem esgoto, comida, educação. Mas tem TV, isso todo mundo tem."
O artista diz que só pintou espaços autorizados pelos donos, com exceção da cruz. Em muitos, fez diamantes vermelhos, pedra símbolo da cidade na época áurea do garimpo, no final do século 19, embora tenha gerado muita disputa e morte entre escravos e seus donos.
Registros dos trabalhos em Lençóis estão num livro em inglês, da editora alemã Gestalten, a ser lançado em 6/5, no MAM-SP. No mesmo dia, será exibido o documentário "Temporal", curta que segue o artista em Lençóis.


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