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POPLOAD
Banda matadora, texto matador
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
"O rock'n'roll independente e glamouroso é o
que eu preciso. Está na minha alma. Indie rock'n'roll. A hora é
agora." Essas palavras poderiam
estar fora das aspas, não pertencessem elas à letra de "Indie
RocknRoll", da banda americana
The Killers, uma das muitas apostas para 2004.
Quando o álbum "Hot Fuss"
chegar às lojas americanas e inglesas em menos de duas semanas, o
grupo de Las Vegas já vai ter um
sólido caminho percorrido rumo
a um certo reconhecimento, sempre tendo em mente o que "sólido" e "reconhecimento" significam na música independente.
Nem bem o CD saiu e Killers já
emplacou três músicas nas rádios
inglesas e nas college americanas.
A música que apresentou o Killers
ao mundo pop foi a pegajosa "Somebody Told Me", bem new wave, de "pegada" gay, que saiu em
single na Inglaterra em março.
Mesmo sendo de Las Vegas, o
Killers é muito britpop. Já foi dito
até que a banda finge o sotaque
inglês em algumas canções.
"Mr. Brightside", um outro single, é o que está "bombando" em
rádio indie agora. Belíssima.
Uma coisa engraçada aconteceu
entre este colunista e o Killers, durante apresentação da banda no
festival de Coachella, na Califórnia, no começo do mês.
Na passagem da tenda eletrônica para o palco principal, vi na
programação que num palco secundário o Killers se apresentava
e dava para pegar pelo menos 15
minutos do show. Não lembro as
atrações dos outros palcos, mas
era certo que eram atrações para
mim mais chamativas que a banda nova de Las Vegas, de quem eu
só conhecia "Mr. Brightside" e
"Somebody Told Me". Durante as
quatro músicas que eu pude ver, o
show foi chato e não teve os "sucessos". Fui embora.
Dias depois, lendo algumas críticas da apresentação da jovem
banda, era unânime que no começo do show (a parte que eu vi)
o Killers foi um "Level 42" (para
citar um nome bem chato) e no
fim o grupo deixou o palco como
um "Radiohead".
Essa eu perdi.
O velho Nick Hornby
Nick Hornby voltou com seus
arrebatadores textos pop. Desta
vez, em uma edição passada do
"New York Times", o escritor britânico lembrou um texto que leu
havia 30 anos, em que o autor
(Jon Landau) cunhou a frase: "Eu
vi o futuro do rock e seu nome era
Bruce Springsteen" e começava
dizendo que estava fazendo 27
anos, se sentia velho e estava ali
escutando seus discos e lembrando como as coisas eram diferentes
dez anos atrás. A pretexto da efeméride, Hornby escreveu: "É difícil não pensar na idade de alguém
e como ela se relaciona com o
rock. Acabei de fazer 47 anos, e a
cada ano que passa fica mais difícil não me perguntar se eu deveria
estar ouvindo algo que ainda é
considerado mais apropriado à
minha idade -jazz, folk, música
clássica, ópera, marchinhas de funeral etc. Você já ouviu os motivos milhões de vezes: a maioria
das músicas de rock é feita por jovens, para os jovens, sobre ser jovem. E, se você não é jovem e ainda ouve rock, então você deveria
ter vergonha de si mesmo. E finalmente eu achei minha resposta
para isso tudo: acima de tudo, eu
concordo com quase tudo dessa
história, embora ela seja grosseira
e não faça esforço nenhum em se
dirigir ao que é recente, principalmente a trabalhos excelentes de
Neil Young, Bob Dylan, Bruce
Springsteen. Ou seja: ela não faz
mais sentido para mim".
lucio@uol.com.br
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