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Adriana Maciel mixa samba, bossa e tropicália
DA REPORTAGEM LOCAL
A brasiliense Adriana Maciel,
37, não é propriamente uma revelação da Deckdisc. "Poeira Leve"
é o terceiro disco da cantora, que
fez escola de música na Universidade de Brasília, cantou com Oswaldo Montenegro e fez teatro
com Moacyr Góes e outros.
"Os outros discos foram feitos
muito no susto. Eu me sentia estranha no estúdio, não tinha intimidade, não sabia aproveitar. O
universo que eu tinha inventado
para o palco não funcionava dentro do estúdio", reavalia a cantora,
que estreou em 97, pelo selo de
Gilberto Gil, Geléia Geral.
Com sabor de reinvenção,
"Poeira Leve" foi concebido por
Adriana com o produtor argentino/brasileiro Ramiro Musotto,
sem nenhum apoio de gravadora.
A Deckdisc recebeu o produto
pronto e resolveu bancar.
Híbrido, o novo disco parte de
um repertório mais ligado ao
samba e ao pós-tropicalismo e de
um tratamento próximo de bossa
nova. Acabou sendo um disco de
regravações, com Nelson Cavaquinho e Cartola de um lado,
Tom Zé, Jorge Mautner e Novos
Baianos do outro. No meio do caminho, ficam faixas como a militante "A Televisão" (de Chico
Buarque) e "Mora na Filosofia"
(samba de Monsueto Menezes revisto num arranjo todo decalcado
do de Caetano Veloso, de 72).
Adriana convocou os cantores
amigos Zeca Baleiro, Vitor Ramil
e Moska para duetos em, respectivamente, "Só" (de Tom Zé), "Até
Não Mais" (de Kledir Ramil) e
"Tô" (Tom Zé/Elton Medeiros).
"Eu era resistente a regravar,
porque acho que acaba sendo um
caminho facilitador. Estamos todos com preguiça de ouvir o novo", critica e se autocritica.
Por outro lado, declara amor ao
formato adotado: "Eu me reconheço nesse universo. Quando a
gente viu, a maior parte dos sambas eram dos anos 70, de autores
que ficaram à margem".
Chega ao assunto "samba", na
fronteira entre o que procurava e
a espreita de um novo momento
de modismo.
"Achei coincidência que haja
vários trabalhos desse tipo aparecendo, mas acho que existe um
inconsciente coletivo. Não é à toa
que o samba está voltando, precisamos de reafirmações do que a
gente é, de identidade. Há o perigo, sim, de tudo virar samba, mas
é meio incontornável", sintetiza.
(PAS)
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