São Paulo, sábado, 28 de maio de 2005

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DOCUMENTÁRIO

Curta-metragem revela mundo do autismo

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comprometimento da comunicação é um dos principais problemas vividos por quem tem autismo. Dificuldade para manter contato visual direto, atraso ou ausência no desenvolvimento da fala, surdez aparente e problemas para se relacionar são alguns sintomas desse transtorno ainda pouco explicado pela ciência.
A americana Sue Rubin, portadora do distúrbio, supera essas barreiras e vai além ao contar sua história em "Autism Is a World" (o autismo é um mundo), que concorreu ao Oscar deste ano na categoria documentário em curta-metragem e será exibido hoje e reapresentado amanhã pela CNN International.
Dirigido por Gerardine Wurzburg -que levou a estatueta na mesma categoria em 1992 por "Educating Peter", sobre a Síndrome de Down-, o documentário mescla relatos escritos por Rubin com depoimentos de pessoas com quem ela convive e cenas da sua vida cotidiana.
A tônica é o conflito constante vivido por essa mulher de 26 anos que freqüenta a faculdade de história, mas, ao mesmo tempo, carrega colheres de plástico para onde quer que vá, mora sem os pais, mas precisa de assistência 24 h, entrevista uma médica para saber mais sobre seu distúrbio, mas "pára de pensar" quando vê água.
A vida de Rubin é marcada por uma clara cisão entre a fase em que não se comunicava e era considerada uma "pessoa nula" e o momento em que, aos 13 anos de idade, ela se conecta com o mundo por meio de um teclado, o que faz sua mente despertar. Não há, no entanto, transformações mágicas: ela sabe que, por mais sociável que se torne, nunca ficará livre do autismo e, por isso, aprendeu a conviver com ele.
A narrativa é sensível e direta, sem excessos e sentimentalismo. Seu maior mérito é tornar acessível para o público um mundo, nas palavras de Rubin, difícil de explicar para quem não é autista.


Autism Is a World
Quando: hoje, às 18h, e amanhã, às 9h e às 20h, na CNN International


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