São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Saída de editor gera dúvida sobre futuro perfil da Cosac

Responsável por excelência editorial, Augusto Massi deixa comando da casa

Possibilidade de sócio dos EUA limitar aportes leva a mudanças na editora, que diz que manterá a qualidade

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

A saída recente de Augusto Massi da presidência da Cosac Naify trouxe de volta ao mercado de livros uma questão recorrente: sua excelência editorial e gráfica é viável comercialmente?
O poeta e professor de literatura da USP, no cargo por uma década, era conhecido como o talento editorial que solidificou seu catálogo.
Rigoroso, perfeccionista, era por vezes difícil no trato. Seu estilo centralizador garantia alta qualidade, mas emperrava a produção, relatam profissionais que trabalharam com o editor-presidente em diversas fases.
Por mais de um ano, a empresa ficou sem diretor financeiro porque Massi demorou a escolher alguém.
O excesso de reuniões e debates entre todos os departamentos, outra marca da gestão de Massi, também é apontado como motivo de desgaste.
Sob pressão para conciliar apuro editorial com viabilidade comercial, a Cosac trocou diretores, contratou outros e demitiu funcionários nos últimos dois anos.
Procurado, Massi disse que sempre pautou sua atuação pela discrição e, portanto, não costumava dar entrevistas. Ainda assim, afirmou que preferiria se manifestar por escrito. Suas respostas não chegaram até o fechamento desta edição.

VERMELHO
Desde que foi criada, em 1997, a empresa de Charles Cosac, que reassumiu a presidência, e de seu cunhado, Michael Naify, fez ousadias editoriais cobiçadas por leitores e invejadas pelos concorrentes, mas passou muito mais tempo no vermelho do que no azul.
Quem banca a casa editorial paulistana são os aportes de Michael Naify, magnata norte-americano do ramo de entretenimento.
A possibilidade de que o sócio americano tenha de limitar os seguidos investimentos na editora é um dos motivos para a reestruturação -que incluiu, entre outras medidas, a criação de uma diretoria de marketing.
A saída de Massi seria parte da estratégia para tornar a empresa mais comercial? A Cosac Naify diz que não.

MESMA PAUTA
"Não há planos de grandes mudanças na linha editorial, que segue pautada pela qualidade", afirmou a editora, por intermédio de sua assessoria de imprensa.
Sobre a possibilidade da interrupção de investimentos de Michael Naify, a Cosac disse que "prefere não se pronunciar sobre questões internas financeiras".
E há espaço no país para editoras com seu perfil? "Sim, acreditamos nisso e continuamos trabalhando em projetos arrojados, de execução mais lenta, e não necessariamente com preços elevados. Estamos ampliando nossas instalações e temos projetos concretos de expansão comercial."


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