PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

"O Nascimento de uma Nação", de D.W. Griffith, quase como fora visto pelas platéias em 1915? É o que a Sala Cinemateca promete para hoje, no ciclo "Cinema d'Antanho".
O Kuarteto de Mococa apresentará partitura ao vivo, dando sonoridade ao filme mudo tal qual era nos anos 10.
O filme de David Griffith figura em muitas listas como um dos melhores da história, mas paira sobre ele a sombra de ser racista e violentamente imoral.
Não por menos. A história de duas famílias na Guerra Civil Americana é contada sob a ótica escravocrata -pior, da Ku Klux Klan, grupo que atentava contra negros e minorias. Uma curiosidade, aliás, é que os negros foram representados, no filme, por atores brancos maquiados, numa obra já criticada ideologicamente na época de seu lançamento.
Mas Griffith fez a primeira superprodução do cinema, mostrando grandes cenas de batalhas e lançando mão de sua linguagem cinematográfica, com suspense, amor, aventura e a famosa simultaneidade (ações distintas, em locais diferentes e apresentadas alternadamente ao espectador).
Essas virtudes seriam a redenção de Griffith? Bem, ele foi, nos Estados Unidos, o maior teórico do cinema imberbe. Morreu, aos 73 anos, no mais angustiante anonimato. Ironicamente, não por "Nascimento de uma Nação", mas por projetos grandiosos para a época como "Intolerância", de 1916.

Filme: O Nascimento de uma Nação
Quando: hoje, às 22h Onde: Sala Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 5084-2177) Quanto: R$ 6


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