São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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ARQUITETURA

"Minha Arquitetura" tem lançamento hoje, no Rio de Janeiro

Niemeyer mostra livro e desenhos

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A semana passada foi triste para Oscar Niemeyer, por causa da morte de seu amigo Leonel Brizola. Mas nem por isso - nem pelos seus 96 anos - ele deixou de ir ao prédio de Copacabana onde funciona seu escritório, subir um íngreme lance de escada e tocar seus projetos de arquitetura. Fez mais: concluiu os desenhos que expõe hoje na galeria da filha, Anna Maria Niemeyer, no Rio.
Os desenhos servem como chamariz para os autógrafos que o arquiteto dará, a partir das 20h, no livro de luxo "Minha Arquitetura - 1937-2004" (Revan). São sete desenhos pequenos e um tríptico de dez metros de comprimento.
Foram finalizados para a mostra, mas nasceram em projetos arquitetônicos recentes. "São desenhos bem livres, como costumo fazer. Nunca perdi o prazer de desenhar", diz, ressaltando que nenhum estará à venda.
Niemeyer diz que considera noites de autógrafos "uma chatice". Ele vai para o sacrifício em nome do livro, um calhamaço de mais de 400 páginas do qual se orgulha muito. O volume tem fotos, plantas, desenhos e textos de e sobre Niemeyer, repassando toda a sua trajetória.
"No livro, pude falar de como trabalho e botar as coisas que penso sobre arquitetura, mas sem fazer tratado", explica, antes de, como faz habitualmente, reduzir a dimensão de seu ofício. "A arquitetura não é importante. O importante é a vida, o ser humano."
Niemeyer desenvolve essa e outras idéias no texto "Meu Método de Trabalho", em que conta como restringe sua participação nos projetos à criação, deixando a execução - sempre complexa, por causa do apego do arquiteto às curvas - para outros escritórios de arquitetura.
"Assim, sobra-me tempo para outras atividades, como a leitura, o contato com os amigos. E juntos, pondo o trabalho de lado, rimos um pouco e sonhamos, conscientes que somos da fragilidade das coisas e das nossas pobres vidas", escreve no livro.
Em outro texto, bem mais longo, revê toda sua vida, mesclando histórias pessoais com comentários sobre seus muitos projetos, entre eles Brasília, a sede do Partido Comunista Francês e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A crença inabalável no comunismo é ressaltada no texto.
"Para ser um bom arquiteto, não basta estudar arquitetura. É preciso ler muito e ter um pensamento social e político", aponta à Folha. Graças à sua arquitetura e ao seu pensamento, ele receberá também hoje o título de doutor honoris causa da Universidade Central de Lãs Villas, de Cuba. A entrega será às 16h, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.


MINHA ARQUITETURA - 1937-2004 - Livro de Oscar Niemeyer. Editora: Revan. Quanto: R$ 150 (408 págs.). Exposição só hoje, às 20h, na Galeria Anna Maria Niemeyer (r. Marquês de São Vicente, 52/205, Gávea, tel. 0/xx/21/2239-9144).


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