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ARQUITETURA
"Minha Arquitetura" tem lançamento hoje, no Rio de Janeiro
Niemeyer mostra livro e desenhos
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A semana passada foi triste para
Oscar Niemeyer, por causa da
morte de seu amigo Leonel Brizola. Mas nem por isso - nem pelos
seus 96 anos - ele deixou de ir ao
prédio de Copacabana onde funciona seu escritório, subir um íngreme lance de escada e tocar seus
projetos de arquitetura. Fez mais:
concluiu os desenhos que expõe
hoje na galeria da filha, Anna Maria Niemeyer, no Rio.
Os desenhos servem como chamariz para os autógrafos que o arquiteto dará, a partir das 20h, no
livro de luxo "Minha Arquitetura
- 1937-2004" (Revan). São sete desenhos pequenos e um tríptico de
dez metros de comprimento.
Foram finalizados para a mostra, mas nasceram em projetos arquitetônicos recentes. "São desenhos bem livres, como costumo
fazer. Nunca perdi o prazer de desenhar", diz, ressaltando que nenhum estará à venda.
Niemeyer diz que considera
noites de autógrafos "uma chatice". Ele vai para o sacrifício em
nome do livro, um calhamaço de
mais de 400 páginas do qual se orgulha muito. O volume tem fotos,
plantas, desenhos e textos de e sobre Niemeyer, repassando toda a
sua trajetória.
"No livro, pude falar de como
trabalho e botar as coisas que
penso sobre arquitetura, mas sem
fazer tratado", explica, antes de,
como faz habitualmente, reduzir
a dimensão de seu ofício. "A arquitetura não é importante. O importante é a vida, o ser humano."
Niemeyer desenvolve essa e outras idéias no texto "Meu Método
de Trabalho", em que conta como
restringe sua participação nos
projetos à criação, deixando a
execução - sempre complexa,
por causa do apego do arquiteto
às curvas - para outros escritórios de arquitetura.
"Assim, sobra-me tempo para
outras atividades, como a leitura,
o contato com os amigos. E juntos, pondo o trabalho de lado, rimos um pouco e sonhamos, conscientes que somos da fragilidade
das coisas e das nossas pobres vidas", escreve no livro.
Em outro texto, bem mais longo, revê toda sua vida, mesclando
histórias pessoais com comentários sobre seus muitos projetos,
entre eles Brasília, a sede do Partido Comunista Francês e o Museu
de Arte Contemporânea de Niterói. A crença inabalável no comunismo é ressaltada no texto.
"Para ser um bom arquiteto,
não basta estudar arquitetura. É
preciso ler muito e ter um pensamento social e político", aponta à
Folha. Graças à sua arquitetura e
ao seu pensamento, ele receberá
também hoje o título de doutor
honoris causa da Universidade
Central de Lãs Villas, de Cuba. A
entrega será às 16h, no Fórum de
Ciência e Cultura da UFRJ.
MINHA ARQUITETURA - 1937-2004 -
Livro de Oscar Niemeyer. Editora: Revan.
Quanto: R$ 150 (408 págs.). Exposição só
hoje, às 20h, na Galeria Anna Maria
Niemeyer (r. Marquês de São Vicente,
52/205, Gávea, tel. 0/xx/21/2239-9144).
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