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FÓRUM CULTURAL MUNDIAL
Cineasta Carlos Bolado tem seu filme de estréia, "Baixo Califórnia", exibido na mostra artística
Mexicano traça (des)caminhos da América
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O recorte nas Américas desenhado pelo cineasta mexicano
Carlos Bolado começa com um
traço que desce dos Estados Unidos ao "Baixo Califórnia - O Limite do Tempo" -em seu primeiro
longa - e alcança o Brasil com
"Sólo Dios Sabe" (Só Deus Sabe),
seu terceiro filme, em preparação.
"Baixo Califórnia" tem sessão
hoje em São Paulo, na mostra artística do Fórum Cultural Mundial. O filme foi lançado em 1998,
numa festejada estréia na direção
de um nome já conhecido no cinema mexicano como montador
("Como Água para Chocolate",
1992, entre outros).
Em "Baixo Califórnia", Bolado,
40, segue um artista mexicano
(Damián, papel de Damián Alcazar) que vive nos EUA e parte em
viagem solitária até San Francisco
de la Sierra, escondida no pedregoso território do Bajo California
e notória por abrigar um conjunto de pinturas rupestres.
A referência à ancestralidade
não está apenas nas pinturas históricas que o povoado abriga, mas
no fato de estarem lá também, enterrados, os restos da avó do personagem, de quem ele, em vida,
não conseguiu se aproximar.
O ímpeto do retorno às origens
(a terra, a família, a arte rupestre)
surge em Damián de uma circunstância que o filme prefere
deixar nebulosa. Aquele homem
que se impõe uma caminhada
com e contra a natureza carrega a
culpa da morte de uma mulher
grávida, como sugerem suas memórias? Ou tudo seriam alucinações de um futuro pai em choque
com a perspectiva de gerar um filho (perpetuar-se, portanto), estando ele mesmo desenraizado?
Bolado diz que que o filme é
"uma parábola do México e dos
mexicanos que emigraram para
os Estados Unidos em busca de
uma vida melhor", além de ser
"um filme pessoal, cheio de mensagens para irmãos e amigos".
O diretor hoje faz parte da comunidade de "quase 20 milhões
de mexicanos ou mexicanos-americanos" vivendo nos EUA,
onde seu filho nasceu, "daí
que...".
Depois de "Baixo Califórnia",
Bolado filmou o documentário
"Promessas de um Mundo Novo"
(2001), sobre a infância em Israel,
com co-direção de BZ Goldberg e
Justine Shapiro, a dona da voz
com que a mulher de Damián se
apresenta em "Baixo Califórnia".
O Brasil surge no terceiro longa
escrito e dirigido por Bolado, como o país de origem da protagonista Dolores (Alice Braga, revelada em "Cidade de Deus"), que se
apaixona por Damián, desta vez
um jornalista mexicano, interpretado por Diego Luna ("E Sua Mãe
Também). Em "Sólo Dios Sabe",
que está em produção, Bolado entrelaça novamente dois países da
América, numa história de romance e buscas particulares.
BAIXO CALIFÓRNIA. Direção: Carlos
Bolado. Onde: Cinesesc (r. Augusta,
2.530, tel. 0/xx/11/3082-0213). Quando:
hoje, às 21h. Quanto: R$ 1 a R$ 4.
Leia mais sobre o Fórum Cultural Mundial na Folha Online (www.folha.com.br/especial/2004/forumculturalmundial)
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