São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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FÓRUM CULTURAL MUNDIAL

Cineasta Carlos Bolado tem seu filme de estréia, "Baixo Califórnia", exibido na mostra artística

Mexicano traça (des)caminhos da América

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O recorte nas Américas desenhado pelo cineasta mexicano Carlos Bolado começa com um traço que desce dos Estados Unidos ao "Baixo Califórnia - O Limite do Tempo" -em seu primeiro longa - e alcança o Brasil com "Sólo Dios Sabe" (Só Deus Sabe), seu terceiro filme, em preparação.
"Baixo Califórnia" tem sessão hoje em São Paulo, na mostra artística do Fórum Cultural Mundial. O filme foi lançado em 1998, numa festejada estréia na direção de um nome já conhecido no cinema mexicano como montador ("Como Água para Chocolate", 1992, entre outros).
Em "Baixo Califórnia", Bolado, 40, segue um artista mexicano (Damián, papel de Damián Alcazar) que vive nos EUA e parte em viagem solitária até San Francisco de la Sierra, escondida no pedregoso território do Bajo California e notória por abrigar um conjunto de pinturas rupestres.
A referência à ancestralidade não está apenas nas pinturas históricas que o povoado abriga, mas no fato de estarem lá também, enterrados, os restos da avó do personagem, de quem ele, em vida, não conseguiu se aproximar.
O ímpeto do retorno às origens (a terra, a família, a arte rupestre) surge em Damián de uma circunstância que o filme prefere deixar nebulosa. Aquele homem que se impõe uma caminhada com e contra a natureza carrega a culpa da morte de uma mulher grávida, como sugerem suas memórias? Ou tudo seriam alucinações de um futuro pai em choque com a perspectiva de gerar um filho (perpetuar-se, portanto), estando ele mesmo desenraizado?
Bolado diz que que o filme é "uma parábola do México e dos mexicanos que emigraram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor", além de ser "um filme pessoal, cheio de mensagens para irmãos e amigos".
O diretor hoje faz parte da comunidade de "quase 20 milhões de mexicanos ou mexicanos-americanos" vivendo nos EUA, onde seu filho nasceu, "daí que...".
Depois de "Baixo Califórnia", Bolado filmou o documentário "Promessas de um Mundo Novo" (2001), sobre a infância em Israel, com co-direção de BZ Goldberg e Justine Shapiro, a dona da voz com que a mulher de Damián se apresenta em "Baixo Califórnia".
O Brasil surge no terceiro longa escrito e dirigido por Bolado, como o país de origem da protagonista Dolores (Alice Braga, revelada em "Cidade de Deus"), que se apaixona por Damián, desta vez um jornalista mexicano, interpretado por Diego Luna ("E Sua Mãe Também). Em "Sólo Dios Sabe", que está em produção, Bolado entrelaça novamente dois países da América, numa história de romance e buscas particulares.


BAIXO CALIFÓRNIA. Direção: Carlos Bolado. Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.530, tel. 0/xx/11/3082-0213). Quando: hoje, às 21h. Quanto: R$ 1 a R$ 4.

Leia mais sobre o Fórum Cultural Mundial na Folha Online (www.folha.com.br/especial/2004/forumculturalmundial)



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