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PROFISSÃO TELESPECTADOR
Jovem de 18 anos ajuda a classificar games
Estagiário "vicia" em game sanguinário
DO ENVIADO ESPECIAL
A classificação indicativa é
feita no Ministério da Justiça
por seis classificadores titulares
e seis estagiários. Os estagiários
têm entre 18 e 24 anos. Após
dois anos na função, podem virar titulares -os atuais têm entre 26 e 68 anos.
Os titulares são formados em
direito, pedagogia ou administração. Dois deles não têm curso superior completo.
Eles trabalham em uma área
de acesso restrito no Ministério
da Justiça, em Brasília. Vêem
TV ou cinema o dia inteiro.
Trabalham em duplas, sempre
um estagiário e um titular. Em
alguns casos, um mesmo filme
é visto por até seis pessoas para
ser classificado. Produzem relatórios em que apontam as características do filme ou programa de TV e sugerem a classificação etária.
Anualmente, são classificados cerca de 3.000 títulos. Além
dessa atividade, os classificadores também monitoram a programação das redes de TV.
Desde 2001, o Ministério da
Justiça classifica também jogos
para microcomputador e videogame. Foi nessa época que
Edson Oliveira e Silva Jr., 39,
entrou no departamento de
classificação, por ter habilidade
com games. Ele diz que só veio
a jogar videogame com freqüência quando já era adulto.
"A gente vai mexendo e aprendendo a jogar", afirma.
Silva Jr. conta com a ajuda do
estagiário Bernardo Rodrigues
Portela, 18, o mais jovem da
equipe, um devorador de games desde os 8 anos.
Portela está "viciado" em um
jogo que classificou recentemente como impróprio para
menores de 18 anos, o "Postal
2", por ser extremamente violento. Levou uma semana para
"zerar" (descobrir todos os recursos e etapas) o jogo. "Acho
relaxante", disse na última
quinta-feira, enquanto estraçalhava "inimigos" com uma metralhadora virtual.
Atualmente, são classificados
cinco games por mês.
O departamento de classificação é chefiado desde fevereiro pelo advogado e professor
de direito José Eduardo Elias
Romão, pai de um menino de
seis meses. Ele quase não vê televisão, porque dá aulas à noite.
Mais liberal que seu antecessor (que deixou o cargo após
classificar cinco telejornais policiais para as 21h), Romão afirma que programas sensacionalistas "têm de ser execrados do
horário livre [até as 20h]". O diretor de classificação também
vê exageros, principalmente
erotismo, nas telenovelas da
Globo. "Cada vez o apelo é
maior", afirma.
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