São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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10 ANOS do calendário da moda

Em meio a oba-oba de aniversário, SP Fashion Week começa hoje com recorde de marcas

Bob Wolfenson/Divulgação
Com look de Renato Loureiro, de 2000, Gisele Bündchen posa para o fotógrafo Bob Wolfenson


ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Sob intenso oba-oba, o calendário paulistano de lançamentos de moda entra no décimo ano. A São Paulo Fashion Week de verão 2006 começa hoje na Bienal, puxando as comemorações para evocar os brios dos 48 participantes que fazem, até segunda, 51 desfiles (algumas marcas se desdobram em masculino e feminino).
Em 96, quando começa a contar o relógio da sigla estranha que hoje público e mídia dominam, a SPFW existia como MorumbiFa- shion, ainda vinculada a seu principal patrocinador, o Morumbi- Shopping, onde aconteciam os desfiles. O nome mudou em janeiro de 2001, pouco depois de aportarem as primeiras expedições de jornalistas estrangeiros (muitos fashionistas se lembram da editora inglesa Isabella Blow, fã do estilo brasileiro, entre corredores iluminadíssimos e praças de alimentação, com seus chapéus exóticos e roupas extravagantes).
O tal calendário toma forma neste ano com uma "folhinha" do ano de 2006 com as 24 principais modelos brasileiras que passaram a cumprir carreira internacional, a serem fotografadas por Bob Wolfenson nesta semana, entre um desfile e outro. O item, que deverá virar de colecionador, será lançado em Paris durante o prêt-à-porter, no Hotel de Crillon. Gisele Bündchen, que não desfila desta vez, foi a primeira a ser fotografada, na imagem que você vê em primeira mão nesta página.
Quem não acompanhava o mundo da moda em meados dos anos 90 talvez não saiba como a questão mais simples (as datas) foi fundamental para o desenvolvimento do setor. Sem garantias de conseguir verbas para mostrar suas coleções, as marcas abriam buracos de meses entre o primeiro e o último desfile de cada temporada, complicando a cobertura da imprensa, afastando a atenção do mercado e dificultando o elemento propulsor do sistema da moda: a comparação.
Selvagem e hábil batalhador de patrocínios, o ex-produtor de moda Paulo Borges tomou para si o desafio de tentar organizar o grande imbróglio. "A moda era muito restrita. Acontecia uma ou outra coisa: desfile com um jantar ou shows", diz o empresário, que conseguiu crescer em dez vezes o investimento no evento.
Um deles é lidar com uma certa dose de megalomania e ânsia por gigantismo. Em 96, o público total era de 30 mil pessoas; na última edição, alegados 105 mil, em sete dias, quando teve até ingresso vendido para o prédio, sob muitas queixas de fashionistas. Neste ano, segundo a assessoria do evento, os convites estão sendo mais controlados. Alguns estilistas estão indo contra esse número. Lorenzo Merlino, que desfila na quinta, mostra para 400 pessoas o mesmo número: "Nas duas últimas duas estações me apresentei fora da Bienal. Sinto falta de um lado mais intimista, que não é proposto pelo evento. Fiquei contente com a possibilidade de reduzir a sala para 400 pessoas".


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