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DANÇA
Diretor da Bienal da Dança de Lyon e da Maison de la Danse, francês procura novos formatos no festival de Joinville
Guy Darmet critica a falta de investimento no Brasil
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Me disseram que Joinville é
uma loucura e, como gosto de coisas um pouquinho loucas, estou
indo para lá", conta empolgado o
francês Guy Darmet, 57. Esse pode não ser o verdadeiro motivo
que levou o diretor artístico da
Bienal da Dança de Lyon a ir ao
Festival de Dança de Joinville, que
ocorre até 30 de julho, mas sua
passagem pelo evento catarinense
promete render boas parcerias.
Há mais de 20 anos, o jornalista
e crítico de dança é responsável
pela direção e concepção artística
da bienal, considerada um dos
maiores eventos culturais da
França. Ele também é o diretor da
Maison de la Danse, em Lyon, instituição responsável por divulgar
a dança contemporânea no país,
promovendo cerca de 80 espetáculos por ano.
"Participamos da difusão e da
formação do público que não conhece dança, investindo em jovens coreógrafos e co-produzindo novos trabalhos", explica Darmet. "Fomos os primeiros a levar
o [grupo mineiro] Corpo à Europa, nos anos 90 e, neste ano, todos
os ingressos para a apresentação
deles na Maison, em novembro,
estão esgotados", afirma.
O namoro do diretor com o país
vem de longe, com destaque para
uma edição do evento em Lyon
dedicada ao Brasil, em 1996,
quando teve início o Carnaval de
rua que hoje é uma marca da bienal, com a participação de 300 mil
pessoas, segundo Darmet.
Novos formatos
Um dos motivos que atraiu
Darmet ao Festival de Dança de
Joinville é o formato do evento catarinense. "Na Europa, há festivais de dança contemporânea,
clássica, de hip hop, mas nunca há
todos esses estilos reunidos", comenta. "O festival [de Joinville]
me parece muito popular. Estou
indo pela possibilidade de ver
muitas formas de dança totalmente diferentes umas das outras."
Darmet ainda não definiu qual
o tipo de união poderá surgir com
Joinville, mas está otimista. "Estou curioso para conhecer o evento. O grande problema dos programadores da Europa é que eles
não têm curiosidade, gosto de encontrar e descobrir coisas novas."
A agenda do diretor francês no
Brasil inclui ainda sessões dos espetáculos da Companhia Sociedade Masculina e de Deborah
Colker, além de pesquisas para a
programação da próxima Bienal
da Dança de Lyon, que faz sua 12ª
edição em 2006. O tema, desta
vez, serão as cidades, mudando
um pouco o foco de anos anteriores, quando o evento se dedicava a
explorar a dança de uma região,
como a Europa (2004), América
Latina (2002) ou o Oriente (2000).
Por enquanto, Darmet adianta
que, dos brasileiros, está garantida a participação do coreógrafo
João Saldanha, que desenvolve
um trabalho cujo tema é a arquitetura de Oscar Niemeyer.
"Teremos representantes da
Coréia, de Tóquio, de Paris, de
Nova York, de São Paulo e do
Rio", diz Darmet. "Haverá espetáculos ocupando ruas, praças, jardins e metrôs. Me interessa essa
possibilidade de encontrar o público no teatro e na rua também."
Investimento
Com a autoridade de quem
acompanha a dança contemporânea brasileira, Darmet diz que,
comparado há cinco anos, o cenário está pior. "Os grupos vão bem,
mas não têm dinheiro, não têm
espaço, precisam de mais consideração", afirma o diretor.
"Os coreógrafos são muito interessantes e originais e precisam de
ajuda", acredita, e completa: "Há
um mercado enorme para a dança na América do Sul, mas muito
pouco investimento".
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