Composta por alunos e professores do evento, Orquestra Acadêmica se apresenta hoje à noite no Auditório Cláudio Santoro e domingo na Sala São Paulo

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Empolgada com a recente vitória no Prêmio Tim, a Orquestra Acadêmica encerra nesta semana o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Sob regência de Roberto Minczuk, diretor artístico do evento, o grupo toca hoje no Auditório Cláudio Santoro, e domingo na Sala São Paulo.
O grupo ganhou o Prêmio Tim na categoria disco erudito, graças ao álbum duplo, registrado na edição do ano passado do festival, e lançado pela Biscoito Fino. Integrada por professores e alunos do evento, a Orquestra Acadêmica repete apenas 40% dos membros de 2005.
"A renovação é grande, o que aumenta o desafio, mas, também, o estímulo para trabalhar", avalia Minczuk. "O grupo não toca junto mais do que três semanas, e, nos ensaios, a gente tem que fazer com que soe homogêneo um conjunto que tem gente de diversas idades, culturas, idiomas e escolas." A orquestra acaba sendo o cartão de visitas de um festival que não ambiciona menos do que ser a melhor escola de música da América Latina. "Reunimos professores que lecionam em algumas das principais instituições do planeta, como a Juilliard School, o Conservatório de Paris e o Conservatório de Moscou", enumera o maestro. "Campos do Jordão oferece aos bolsistas do continente uma chance única de trabalhar com mestres desse nível."
Se a proposta é dar destaque para a orquestra, nada mais justo que o concerto de encerramento não tenha solista. O conjunto faz a estréia mundial de "Ritmetrias Variações Rítmicas sobre um Metro Contínuo", escritas especialmente para a ocasião pelo catarinense Edino Krieger, 78, compositor-residente do festival.
"Tem sido uma experiência muito boa trabalhar com o compositor-residente", avalia Minczuk. "Ele comparece aos ensaios, faz sugestões e esclarece dúvidas dos músicos sobre como tocar suas peças." Os ensaios são gravados, o que permite aos musicistas ouvir suas performances e avaliar o desempenho. O programa é complementado, ainda, por duas obras basilares da música russa, a suíte "O Pássaro de Fogo", de Stravinski, e a "Quarta Sinfonia" de Tchaikovski.
"Como a idéia do festival é contribuir para a formação dos jovens instrumentistas, procuramos escolher obras do repertório "standard", que eles certamente irão abordar ao longo de sua carreira como musicistas profissionais", explica o regente. A exemplo do que ocorreu em 2005, também o concerto deste ano deve virar CD.