São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Exposição exalta a grandeza do barroco mineiro

Depois de passar por Rio e Brasília, mostra "Aleijadinho e Seu Tempo - Fé, Engenho e Arte" chega a SP com cerca de 200 peças

Estátuas, objetos, mapas, fotos, maquete e documentário compõem mostra aberta hoje no Centro Cultural Banco do Brasil

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Vistas por mais de um milhão de pessoas no Rio e em Brasília, representações de são José, santo Atanásio, são João Batista, anjos, profetas e diversas versões de Cristo desembarcam hoje no CCBB de São Paulo. Com ênfase na religiosidade que permeia o barroco mineiro, a mostra "Aleijadinho e Seu Tempo - Fé, Engenho e Arte" reúne cerca de 200 peças para explicitar o movimento artístico que chegou ao auge em Minas Gerais, no século 18.
Centrada na figura de seu principal representante, Antônio Francisco Lisboa ou Aleijadinho (1738-1814), como ficaria conhecido, a mostra com curadoria de Fábio Magalhães surge dividida em núcleos e ocupa os quatro andares da instituição.
"O barroco em Minas desenvolveu estilo e identidade próprios, diversos do barroco baiano ou pernambucano, ambos obedientes aos modelos portugueses", escreve o curador.

Percurso
No térreo, o visitante é recebido por réplicas dos profetas feitos para a igreja de Bom Jesus de Matosinhos, de Congonhas do Campo. Ocupando o hall de entrada, um enorme tapete de serragem colorida, feito por moradores de Ouro Preto, lembra a decoração da cidade durante as festas religiosas.
Uma maquete da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, um telão exibindo o documentário "O Aleijadinho" (1978), de Joaquim Pedro de Andrade, e dois bons ensaios fotográficos - de Marc Ferrez e Marcel Gautherot- sobre a religiosidade mineira se espalham pelo primeiro andar.
Nos dois pisos superiores, ficam as esculturas propriamente ditas, feitas com entalhes na madeira. O ouro que movimentava a economia surge refletido nas belíssimas vestimentas dos anjos e santos.
Uma sala é dedicada apenas ao Aleijadinho, com duas peças (São José de Botas e Nossa Senhora da Conceição) que não estiveram no Rio e Brasília e só agora integram a mostra.
"A figura de Aleijadinho se destaca de tal modo que renomados historiadores e críticos de arte europeus o consideram como o maior artista das Américas", ressalta o curador.
Vítima de uma doença -sífilis, escorbuto, lepra ou reumatismo deformante, dependendo da versão-, o artista recebeu a alcunha por conta de seu corpo atrofiado, que o obrigava a viver carregado por escravos.
Mas não só por Aleijadinho foi feito o barroco mineiro. Exibindo obras de artistas anônimos ou desconhecidos para o público leigo, uma sala apresenta estatuário religioso feito por Mestre Pitanga, Francisco Xavier de Brito e Mestre Ataíde, entre outros nomes.

Contexto
Dedicado à contexualização histórica, o subsolo reúne mapas que ajudam a visualizar o chamado Caminho do Ouro, a cidade de Vila Rica e outras vilas mineiras em que o movimento se desenvolveu -vale frisar que o barroco foi o primeiro movimento artístico urbano na história do Brasil.
Oratórios, ex-votos e moedas revelam um pouco mais do cotidiano do período, envolto em devoção. Nesse andar mais "didático", são mostradas obras de importantes artistas viajantes, como Von Martius, Debret e Rugendas.


ALEIJADINHO E SEU TEMPO - FÉ, ENGENHO E ARTE
Quando: abertura hoje, às 10h; de ter. a dom., às 20h; até 14/10
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quanto: entrada franca



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