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Exposição exalta a grandeza do barroco mineiro
Depois de passar por Rio e Brasília, mostra "Aleijadinho e Seu Tempo - Fé, Engenho e Arte" chega a SP com cerca de 200 peças
Estátuas, objetos, mapas, fotos, maquete e documentário compõem mostra aberta hoje no Centro Cultural Banco do Brasil
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Vistas por mais de um milhão
de pessoas no Rio e em Brasília,
representações de são José,
santo Atanásio, são João Batista, anjos, profetas e diversas
versões de Cristo desembarcam hoje no CCBB de São Paulo. Com ênfase na religiosidade
que permeia o barroco mineiro,
a mostra "Aleijadinho e Seu
Tempo - Fé, Engenho e Arte"
reúne cerca de 200 peças para
explicitar o movimento artístico que chegou ao auge em Minas Gerais, no século 18.
Centrada na figura de seu
principal representante, Antônio Francisco Lisboa ou Aleijadinho (1738-1814), como ficaria
conhecido, a mostra com curadoria de Fábio Magalhães surge
dividida em núcleos e ocupa os
quatro andares da instituição.
"O barroco em Minas desenvolveu estilo e identidade próprios, diversos do barroco baiano ou pernambucano, ambos
obedientes aos modelos portugueses", escreve o curador.
Percurso
No térreo, o visitante é recebido por réplicas dos profetas
feitos para a igreja de Bom Jesus de Matosinhos, de Congonhas do Campo. Ocupando o
hall de entrada, um enorme tapete de serragem colorida, feito
por moradores de Ouro Preto,
lembra a decoração da cidade
durante as festas religiosas.
Uma maquete da igreja de
São Francisco de Assis, em Ouro Preto, um telão exibindo o
documentário "O Aleijadinho"
(1978), de Joaquim Pedro de
Andrade, e dois bons ensaios
fotográficos - de Marc Ferrez e
Marcel Gautherot- sobre a religiosidade mineira se espalham pelo primeiro andar.
Nos dois pisos superiores, ficam as esculturas propriamente ditas, feitas com entalhes na
madeira. O ouro que movimentava a economia surge refletido
nas belíssimas vestimentas dos
anjos e santos.
Uma sala é dedicada apenas
ao Aleijadinho, com duas peças
(São José de Botas e Nossa Senhora da Conceição) que não
estiveram no Rio e Brasília e só
agora integram a mostra.
"A figura de Aleijadinho se
destaca de tal modo que renomados historiadores e críticos
de arte europeus o consideram
como o maior artista das Américas", ressalta o curador.
Vítima de uma doença -sífilis, escorbuto, lepra ou reumatismo deformante, dependendo da versão-, o artista recebeu a alcunha por conta de seu
corpo atrofiado, que o obrigava
a viver carregado por escravos.
Mas não só por Aleijadinho
foi feito o barroco mineiro. Exibindo obras de artistas anônimos ou desconhecidos para o
público leigo, uma sala apresenta estatuário religioso feito
por Mestre Pitanga, Francisco
Xavier de Brito e Mestre Ataíde, entre outros nomes.
Contexto
Dedicado à contexualização
histórica, o subsolo reúne mapas que ajudam a visualizar o
chamado Caminho do Ouro, a
cidade de Vila Rica e outras vilas mineiras em que o movimento se desenvolveu -vale
frisar que o barroco foi o primeiro movimento artístico urbano na história do Brasil.
Oratórios, ex-votos e moedas
revelam um pouco mais do cotidiano do período, envolto em
devoção. Nesse andar mais "didático", são mostradas obras de
importantes artistas viajantes,
como Von Martius, Debret e
Rugendas.
ALEIJADINHO E SEU TEMPO -
FÉ, ENGENHO E ARTE
Quando: abertura hoje, às 10h; de ter.
a dom., às 20h; até 14/10
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
(r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel.
0/xx/11/3113-3651)
Quanto: entrada franca
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