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Cresce adaptação de livros para HQ
Gênero ganha força com lançamento de versões de 7 clássicos e volta de Luiz Gê, consagrado nos anos 80
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não é de hoje que editoras
nacionais investem em adaptações de clássicos da literatura
brasileira para quadrinhos,
mas 2009 está sendo um ano de
crescimento do gênero. Entre
os lançamentos recentes estão
"Jubiabá" (ed. Quadrinhos na
Cia., 96 pág., R$ 33), em que
Spacca recria Jorge Amado; "O
Pagador de Promessas" (ed.
Agir, 72 pág., R$ 44,90), peça de
Dias Gomes ilustrada por Eloar
Guazzelli; Luiz Gê e Ivan Jaf
transportando "O Guarani"
(ed. Ática, 96 pág, R$ 22,90), de
José de Alencar, aos quadrinhos; e uma nova adaptação de
"O Alienista" (ed. Ática, 72 pág.,
R$ 22,90), agora por Luiz Antonio Aguiar e Cesar Lobo.
Esses lançamentos e as promessas de novas adaptações
mostram que editoras e quadrinistas têm se aprofundado no
gênero. Para 2009, estão previstos "O Ateneu", de Bira Dantas (Escala); "O Cortiço", de
Ivan Jaf e Rodrigo Rosa (Ática);
e "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Edgar Vasques e
Flavio Braga (Desiderata).
Uma novidade é o reaparecimento de Luiz Gê, grande quadrinista dos anos 80, que volta a
fazer HQs para uma editora depois de quase uma década parado. O resultado é "O Guarani",
que não deixa o lado romântico
de lado, mas prima pelas sequências de aventura.
"É preciso ter estrutura editorial para fazer quadrinhos de
página [publicados em livros ou
revistas], que é diferente das tiras em quadrinhos [publicadas
em jornais]", diz Gê, ao explicar
por que se envolveu com projetos fora das HQs. "As editoras
grandes abriram os olhos e estão publicando quadrinhos. É a
primeira vez na minha vida que
existem boas condições para
fazer quadrinhos no Brasil."
Se "O Guarani" foi para Gê
um retorno aos quadrinhos,
"Jubiabá" foi para Spacca uma
mudança de gênero -suas três
últimas obras foram biografias
de pessoas ligadas à história
brasileira. O livro é uma adaptação de um dos primeiros romances escritos por Jorge
Amado, em 1935.
"A história traz muitas situações que seriam abordadas em
outras obras de Jorge Amado:
circo, greve, pai de santo, Recôncavo Baiano, boxe como espetáculo público, jagunço...",
comenta Spacca.
Já em "O Pagador de Promessas", Eloar Guazzelli adapta a peça de teatro de Dias Gomes. "É impossível adaptar
uma peça de teatro sem fazer
interferências. Posso cortar,
mas não posso colocar nada extra", diz. "A diferença é a liberdade. Em um trabalho autoral,
faço o que quero."
"O Alienista" parece ter caído
no gosto dos quadrinistas nacionais. A versão de Luiz Antonio Aguiar e Cesar Lobo é a terceira em três anos -as outras
duas foram dos gêmeos Fábio
Moon e Gabriel Bá, em 2007, e
a de Lailson de Holanda Cavalcanti, no ano passado.
Futuro
Para Spacca, a onda de adaptações literárias pode servir para criar novos leitores de quadrinhos. "Espero que sejam
uma brecha para impactar os
leitores e mostrar que as histórias em quadrinhos são muito
mais que isso."
Guazzelli vê um paralelo entre as adaptações da literatura
para os quadrinhos de hoje com
as para a televisão feitas décadas atrás. "A televisão começou
assim e, se você olhar hoje para
adaptações televisivas, verá
que são verdadeiras obras-primas", afirma. "É um espaço que
se está criando. Tenho certeza
de que o nível do material está
entre médio e bom."
"Cada um que aparece mostra um jeito independente de
adaptar", pondera Luiz Gê.
"Muito pode ser feito. O gênero
está longe de se esgotar."
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