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Jazz "country" de Norah Jones deve vir ao Brasil em 2003
CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
Nas maiores lojas de discos do
mercado internacional, ela aparece em destaque tanto na seção de
jazz como na de música pop. Nem
o Blue Note, sexagenário selo de
jazz que lançou o álbum de estréia
da cantora e pianista Norah Jones,
poderia imaginar tal sucesso. Na
semana passada, o CD "Come
Away with me" já tinha atingido a
marca de 2,8 milhões de cópias
vendidas.
A própria cantora ajuda a esclarecer o aparente fenômeno: apesar da chancela Blue Note, não se
trata exatamente de um disco de
jazz. "Eu tenho uma formação
jazzística, mas ao idealizar este álbum decidi seguir uma direção
diferente. Acho que ele está mais
próximo da música country", disse à Folha, no último sábado, antes de seu disputado show na
House of Blues, em Nova Orleans.
Norah cantava "standards" de
jazz em pequenos clubes de Nova
York, no final de 2000, ao ser ouvida por Bruce Lundvall, o presidente do selo. "Foi uma coincidência. Naquela época, eu e meus
amigos Jesse Harris e Lee Alexander tínhamos começado a escrever canções e então gravamos algumas "demos" para o Blue Note.
Os caras ficaram um pouco preocupados porque não era jazz, mas
gostaram", conta.
Além das delicadas canções de
Norah e seus parceiros, entraram
no disco versões de antigos sucessos de dois medalhões da música
country: Hank Williams ("Cold
Cold Heart") e J.D. Loudermilk
("Turn me On"). Vale lembrar
que, apesar de ter nascido em Nova York, 23 anos atrás, a cantora
mudou-se quatro anos depois
com a mãe para Dallas, no Texas,
onde viveu até 1999. Ainda no colégio, venceu prêmios estudantis
de melhor compositora e vocalista de jazz.
"Continuar tocando e cantando
"standards" já não soaria mais algo
natural para mim", diz Norah,
justificando sua guinada musical.
No show da House of Blues, que
foi registrado para um especial de
TV, ela tocou e cantou quase todo
o repertório de "Come Away with
me", demonstrando que a naturalidade é mesmo um de seus traços
mais marcantes.
Norah abriu o show com a balada-blues "Turn me On". É possível ouvir ecos de Joni Mitchell,
Rickie Lee Jones e Carole King,
em sua voz aguda e levemente
rouca. Econômico e funcional,
seu toque ao piano não exibe nenhuma pretensão de virtuosismo.
Não há dúvida de que a soul music e o rhythm'n'blues de Ray
Charles moldaram seu estilo.
Mas o que melhor pode explicar
o carisma que Norah exerce sobre
a platéia é mesmo a sensação de
sinceridade que ela transmite.
Canções delicadas, com letras românticas e singelas, como sua
"Nightingale" ou "Painter Song"
(de Lee Alexander e J.C. Hopkins), soam verdadeiras ao serem
interpretadas por ela.
Quanto ao adiamento de seu
show em São Paulo, que chegou a
ser anunciado para novembro,
pela série Diners Club do Bourbon Street, Norah diz que tem
muita vontade de conhecer o país.
"Espero que possamos ir ainda no
início do próximo ano. Minha
mãe chegou a morar algum tempo no Brasil antes de eu nascer e
tem vários discos de Elis Regina,
Gal Costa e Tom Jobim. Acho Elis
maravilhosa."
O jornalista Carlos Calado viajou a convite da gravadora EMI.
COME AWAY WITH ME. Lançamento:
EMI. Preço: R$ 30, em média.
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