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"A IRMANDADE DA GUERRA"
Coréia põe o dedo em suas feridas
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhor coisa do filme "A
Irmandade da Guerra" é o
simples fato de ser um filme sul-coreano passado durante a Guerra da Coréia (1950-1953). Isso permite algo raro, uma perspectiva
de um conflito por aqueles que foram suas maiores vítimas.
Mesmo nos Estados Unidos,
que comandou tropas da ONU
em defesa do sul capitalista contra
a invasão do norte comunista, essa guerra tem sido chamada de
"esquecida". O famoso filme e depois série de televisão "M.A.S.H."
passava-se nessa guerra, mas era
uma maneira indireta de criticar
outro conflito americano na Ásia,
o do Vietnã.
Tanto na Coréia como no Vietnã morreram muito mais nativos
do que americanos, mas Hollywood naturalmente se preocupou
mais em lembrar o drama de seus
conterrâneos.
O filme conta a história de dois
irmãos órfãos de pai e recrutados
para o Exército sul-coreano, o engraxate e sapateiro Jin-Tae, e o estudante e caçula Jin-Seok. O irmão mais velho trabalha para
conseguir que o mais novo chegue à faculdade. E, em combate,
luta para proteger o irmão e trazê-lo salvo de volta para casa.
O filme é centrado na relação
complexa entre os dois irmãos e
sua família e em como se adaptam
à rotina de guerra. Há momentos
inspirados, outros de puro dramalhão.
A maior parte da história é centrada em 1950, o primeiro e mais
dramático ano da guerra. São
mostrados tanto os massacres de
civis feitos por comunistas, como
a histeria anticomunista de milícias no Sul.
Erros de grafia
O conflito começou com a invasão do Sul pelo Norte, que quase
venceu. Tropas americanas e sul-coreanas ficaram isoladas no bolsão de Pusan (e não "Busan", como aparece nas legendas) e travaram combates intensos ao longo
do rio Naktong (e não "Nagdong").
Um contra-ataque americano
-um brilhante desembarque anfíbio em Inchon (e não "Incheon")- reverteu a sorte da
guerra, até os chineses intervirem
em prol dos norte-coreanos.
As cenas de combate lembram
seriados antigos como o americano "Combate". Deixam muito a
desejar na era de filmes como "O
Resgate do Soldado Ryan" e séries
como "Band of Brothers". Há
uma cena de ataque noturno com
coquetéis Molotov (bombas incendiárias amadoras, feitas com
garrafas com gasolina) que faria
rolar no chão de tanto rir um consultor militar de filme americano.
A Irmandade da Guerra
Direção: Kang Je-Gyu
Distribuidora: Sony (disponível apenas para locação)
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