São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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"A IRMANDADE DA GUERRA"

Coréia põe o dedo em suas feridas

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

A melhor coisa do filme "A Irmandade da Guerra" é o simples fato de ser um filme sul-coreano passado durante a Guerra da Coréia (1950-1953). Isso permite algo raro, uma perspectiva de um conflito por aqueles que foram suas maiores vítimas.
Mesmo nos Estados Unidos, que comandou tropas da ONU em defesa do sul capitalista contra a invasão do norte comunista, essa guerra tem sido chamada de "esquecida". O famoso filme e depois série de televisão "M.A.S.H." passava-se nessa guerra, mas era uma maneira indireta de criticar outro conflito americano na Ásia, o do Vietnã.
Tanto na Coréia como no Vietnã morreram muito mais nativos do que americanos, mas Hollywood naturalmente se preocupou mais em lembrar o drama de seus conterrâneos.
O filme conta a história de dois irmãos órfãos de pai e recrutados para o Exército sul-coreano, o engraxate e sapateiro Jin-Tae, e o estudante e caçula Jin-Seok. O irmão mais velho trabalha para conseguir que o mais novo chegue à faculdade. E, em combate, luta para proteger o irmão e trazê-lo salvo de volta para casa.
O filme é centrado na relação complexa entre os dois irmãos e sua família e em como se adaptam à rotina de guerra. Há momentos inspirados, outros de puro dramalhão.
A maior parte da história é centrada em 1950, o primeiro e mais dramático ano da guerra. São mostrados tanto os massacres de civis feitos por comunistas, como a histeria anticomunista de milícias no Sul.

Erros de grafia
O conflito começou com a invasão do Sul pelo Norte, que quase venceu. Tropas americanas e sul-coreanas ficaram isoladas no bolsão de Pusan (e não "Busan", como aparece nas legendas) e travaram combates intensos ao longo do rio Naktong (e não "Nagdong").
Um contra-ataque americano -um brilhante desembarque anfíbio em Inchon (e não "Incheon")- reverteu a sorte da guerra, até os chineses intervirem em prol dos norte-coreanos.
As cenas de combate lembram seriados antigos como o americano "Combate". Deixam muito a desejar na era de filmes como "O Resgate do Soldado Ryan" e séries como "Band of Brothers". Há uma cena de ataque noturno com coquetéis Molotov (bombas incendiárias amadoras, feitas com garrafas com gasolina) que faria rolar no chão de tanto rir um consultor militar de filme americano.


A Irmandade da Guerra
  
Direção: Kang Je-Gyu
Distribuidora: Sony (disponível apenas para locação)



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